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Exemplo de Encontro Intercultural na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023

Passada a JMJ Lisboa 2023, venho partilhar algumas das iniciativas exemplares que aplicaram rigorosamente os preceitos da interculturalidade, visto que foram além do reconhecimento e respeito pelas diferenças culturais, e buscaram envolver e valorizar as diversas culturas presentes.

Exemplo de Encontro Intercultural na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023
Aline Villas Boas
04 de outubro de 2023

No artigo anterior, convidei o estimado leitor a refletir sobre a importância de a JMJ Lisboa 2023 ultrapassar os momentos de oração, partilha e diversão, e tornar-se uma oportunidade para a convivência entre jovens de diferentes culturas. É nesse sentido que a interculturalidade crítica incentiva a interação e a convivência entre grupos diversos, ao promover negociações e intercâmbios culturais. Isso permite a interação entre pessoas e grupos culturalmente diversos, contribuindo para ultrapassar barreiras históricas, sejam elas sociais, econômicas ou culturais.

Passada a JMJ Lisboa 2023, venho partilhar algumas das iniciativas exemplares que aplicaram rigorosamente os preceitos da interculturalidade, visto que foram além do reconhecimento e respeito pelas diferenças culturais, e buscaram envolver e valorizar as diversas culturas presentes.

Hoje falo do “Projeto Igrejas-Irmãs” que muito resumidamente teve como foco principal estabelecer uma rede de solidariedade e ligação pastoral entre a Igreja de Portugal, nas suas diferentes realidades eclesiais, e as Conferências Episcopais apoiadas. Para o efeito, o projeto Igrejas Irmãs propôs uma dinâmica de apoio financeiro, pastoral e diplomático, às Conferências Episcopais de países que manifestaram incapacidade ou grande dificuldade em trazer peregrinos à JMJ Lisboa 2023. Através deste apoio, estiveram presentes na JMJ Lisboa 2023, 60 peregrinos de 26 países. Entre dioceses, vigararias, paróquias, colégios, movimentos, instituições e pessoas individuais, foram Igreja Irmã mais de 100 realidades eclesiais do país. A iniciativa contemplou a “Mongólia, ilhas da Oceânia, Suriname, ilhas das Caraíbas, Niger, Argélia, Mauritânia, Butão”e ainda vários países africanos a asiáticos (1).

A experiência da JMJ poderia ter terminado aí, ou seja, limitando-se a ser um financiamento para países sem recursos financeiros para enviar os seus representantes. Desta forma, a vivência individual dos participantes teria servido como multiplicadora da experiência da JMJ junto dos fiéis dos seus próprios países.

No entanto, como parte integrante do projeto, optou-se por incluir o fomento à convivência entre jovens de diferentes culturas. Neste contexto, foi promovido o encontro e a interação entre os jovens das comunidades financiadoras, os beneficiados pelo financiamento e os hospedeiros portugueses. Em um dos encontros o relato é que “os peregrinos apoiados se sentaram em roda, em um encontro em que se conheceram, partilharam experiências e onde perceberam que “não estavam sozinhos”.

Este é o exemplo prático do fomento da interculturalidade a ser promovida pelas instituições públicas e privadas em geral se querem construir uma sociedade mais justa e igualitária: propiciar a chance de pessoas de culturas distintas se encontrarem e partilharem os diferentes pontos de vista, suas experiências e conhecimentos culturais. São vivências humanas e afetivas como estas que conseguem transmitir o que a Professora Vera Candau(2), uma conceituada investigadora no campo da educação e interculturalidade, defende acerca dos encontros e diálogos interculturais: são fundamentais para promover a compreensão mútua e a aceitação das diferenças culturais. Esses encontros representam oportunidades valiosas para que pessoas provenientes de distintas culturas possam conhecer-se, partilhar experiências e aprender umas com as outras.

Pode parecer pouco, mas estes encontros abrem espaços onde os participantes podem questionar estereótipos e preconceitos, promovendo, assim, uma compreensão mais profunda sobre a realidade das diversas culturas presentes na nossa sociedade. Esses diálogos não apenas celebram a diversidade, mas também permitem que as pessoas explorem suas próprias identidades culturais em relação às outras, incentivando a empatia e o respeito mútuo. Ao promover a interação entre diferentes grupos culturais, é possível criar laços mais fortes de solidariedade, compreensão e cooperação. Isso contribui para uma convivência pacífica e enriquecedora, onde as diferenças são valorizadas e celebradas, em vez de serem motivo de divisão ou conflito.

Encontros interculturais como os que foram propiciados pela JMJ Lisboa 2023 são essenciais para compreensão numa sociedade diversificada, além de serem fundamentais para a construção de um mundo mais inclusivo, tolerante e respeitoso com a diversidade cultural.

Foto. Fonte: AGÊNCIA ECCLESIA/SN
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