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"Fundar" Portugal no início do século XX

A. Sardinha insere-se num grupo de intelectuais que, nos inícios do século XX, teceram múltiplas considerações sobre Portugal e, concomitantemente, sobre os portugueses, procurando definir e perceber esta comunidade real e imaginada.

"Fundar" Portugal no início do século XX
Marília dos Santos Lopes
24 de setembro de 2025

António Sardinha (Monforte, 1887- Elvas, 1925) foi político, poeta, publicista e ensaísta. A. Sardinha insere-se num grupo de intelectuais que, nos inícios do século XX, teceram múltiplas considerações sobre Portugal e, concomitantemente, sobre os portugueses, procurando definir e perceber esta comunidade real e imaginada.

O reconhecimento e a identificação da cultura portuguesa, em particular, da cultura popular, com as suas formações específicas, a apropriação dessas formações como símbolos de nacionalidade são denominadores comuns nos discursos dos autores dos finais do século XIX, inícios século XX, e que formam o que o historiador Rui Ramos denominou de “segunda fundação” ou refundação da nacionalidade.

Importava-lhes reconhecer e identificar o Portugal desconhecido, e seria, muitas vezes, na exploração do mundo tradicional, nacional e antigo, que se iria encontrar o Portugal autêntico e verdadeiro. Defendia-se que só conhecendo a psicologia étnica portuguesa e a suas linhas de força, tal como se fazia por toda a Europa na tradição da busca do “Volksgeist”, seria possível construir Portugal como um “indivíduo coletivo” caracterizado por elementos identificadores próprios. Caminhante nesta inventariação, António Sardinha faz parte da “intelligentzia” portuguesa em que se considera a cultura portuguesa como um universo formado pela história, pela literatura e pelas tradições populares.

Considerando, como advogava o historiador José Mattoso, que no labor historiográfico: “[…] tudo pode ser objeto da História, como poder ser também objeto de narrativa ficcional. Embora (…) a narrativa ficcional só se torna significativa se tiver por pano de fundo a compreensão da condição humana, assim também a história propriamente dita só tem interesse se contribuir para compreender, de outra forma, a mesma condição humana”, pretendemos recordar e revisitar António Sardinha, o seu pensamento, as suas ideias e interpretações acerca do seu tempo histórico e da implícita/tácita condição social e humana do Portugal de inícios do século XX, um contributo profundo e complexo, mas que não esgota o debate sobre o lugar e a identidade de Portugal.

*Uma versão inicial deste texto foi lida na intervenção de abertura do colóquio realizado na UCP, dia 22 de setembro de 2025, sob o título António Sardinha, Portugal e os Portugueses. Na mesma ocasião, foi apresentado o livro de Susana Rocha Relvas, Diálogos Ibéricos y Transatlánticos – Mapeando las redes intelectuales en torno al hispanismo de António Sardinha(1).

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