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Alta fives

Nunca a caridade precisou tanto de ser organizada

28 de novembro de 2020, por MAFALDA GUIA
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Bruno Cunha

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Inês Espada Vieira

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João Pires Silva

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Luciano Ferreira

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Mafalda Guia

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Manuel Guedes

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Miguel Carvalho

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Nélio Pita

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Pedro Guimarães

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Ricardo Cunha

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Suzana Ferreira

Quando vivemos num ciclo económico que se encontra numa fase descendente, de contração, isso tem inevitavelmente implicações diretas em todos os aspetos da nossa vida: uma diminuição dos rendimentos familiares leva a uma quebra do consumo e, consequentemente, a uma quebra no lado do fornecedor, que, por sua vez, também vê os seus lucros serem reduzidos, sendo que, em determinadas situações, poderá levar ao corte de postos de trabalho e ao consequente aumento da taxa de desemprego nacional. E poderia continuar aqui a descrever este ciclo de acontecimentos, que muito provavelmente levarão a uma recessão ou até mesmo a uma depressão económica. 
 

Infelizmente, esta sequência de acontecimentos descrita não é nova, não só por aquilo que sabemos da história da economia (2008 foi ontem), mas também porque estas notícias têm entrado todos os dias em nossas casas através dos vários meios de comunicação social, que anteveem uma situação económica complicada no curto prazo.
 

Desta vez não foi a crise do subprime nos Estados Unidos da América que provaram esta “possível e quase inevitável” crise económica e financeira em Portugal, mas sim uma pandemia gerada por um vírus que teve a capacidade de nos obrigar a parar, a confinar, a deixar de estar presente fisicamente, a não poder abraçar ou estar com as pessoas de quem gostamos. Infelizmente, esta pandemia bateu à porta de todos nós, mas bateu de forma mais violenta na porta daqueles que, de um momento para o outro, se viram desempregados, sem rendimentos e sem capacidade para continuar a suportar as suas despesas. 
 

Fruto de toda esta situação, multiplicam-se todos os dias as iniciativas promovidas por várias instituições e organismos, católicos e não católicos, de apoio a pessoas que vivem em situações económicas complicadas. Como pessoa que segue o modelo de São Vicente de Paulo, Patrono das Obras de Caridade da Igreja que instituiu o conceito de caridade organizada, olho para todas estas iniciativas de apoio aos mais carenciados e lembro-me sempre da história de São Vicente de Paulo que, ao ser informado de que uma família da comunidade onde era pároco (Chatillôn-les-Dombes) estava a passar por dificuldades, pediu aos seus paroquianos numa das suas homílias que fizessem algo em prol desta família. A preocupação e bondade da comunidade foi tanta, que a ajuda acabou por se vir a revelar muito desorganizada. 
 

Enquanto membro da Juventude Mariana Vicentina, a preocupação pelo bem-estar dos mais frágeis da sociedade faz parte do nosso carisma, levando-nos à ação e a ir ao encontro do outro, procurando sermos efetivos no apoio que damos. E esta pandemia só veio mostrar e reforçar que nós, jovens vicentinos, estamos alerta, mais do que nunca, ao outro e preocupados com a forma como podemos chegar ao outro, não pontualmente, mas regularmente e consistentemente, procurando trabalhar numa caridade organizada que se preocupa tanto com a pobreza material, como espiritual. 
 

Tenho assistido a uma crescente preocupação dos jovens em quererem reinventar-se para continuarem a colocar em prática os ensinamentos de São Vicente de Paulo, procurando sair da sua zona de conforto e ultrapassando as barreiras impostas pela pandemia, para continuarem a ir ao encontro dos que mais precisam. E não nos interessa fazer coisas megalómanas, mas sim pequenas coisas que podem fazer a diferença no outro, no nosso contexto. 
 

De todas as iniciativas que me têm chegado dos próprios jovens, há uma que me deixa verdadeiramente sensibilizada – não só por saber que são um dos grupos da nossa sociedade mais afetados pela pandemia, mas porque os nossos jovens têm uma relação muito especial com estas pessoas, visível no trabalho que desenvolvem nos seus grupos e nos campos de missão da Juventude Mariana Vicentina –, que é o encontro com os idosos. É de uma sensibilidade incrível a forma como os jovens relatam os seus encontros com os mais velhos, porque, nas palavras destes jovens “são encontros inspiradores, que transformam vidas”. E é neste sentido que os jovens têm procurado formas criativas de estar com os mais velhos, sem colocar em causa a sua segurança, e continuando a levar a alegria que os caracteriza aos que estão mais sós.
 

Na verdade, o Papa Francisco, na sua mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres (que assinalámos recentemente) convida-nos a “estender a mão ao pobre”. E é isso que representam as iniciativas que acabei de partilhar. Estender a mão ao pobre é estender a mão a todos os nossos irmãos que estão mais fragilizados e que podemos ajudar a levantar com a nossa ajuda material ou, simplesmente, com a nossa presença, como é o caso dos nossos irmãos mais velhos.
 

São estas e outras tantas iniciativas que me fazem acreditar que os jovens estão a caminhar na direção certa: no mundo ao contrário em que vivemos, nem uma pandemia nos retira o desejo e a ânsia de continuar a servir fervorosamente os mais frágeis da nossa sociedade, porque é através deles que vamos ao encontro de Jesus. 

Mafalda Guia

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