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Reconstruir e habilitar

Há pressa em reconstruir o tecido comunitário e em habilitar ao compromisso! Há pressa na missão de ser Igreja na Igreja!

Reconstruir e habilitar
Francisco Couto
05 de julho de 2023

“Há pressa no ar”! Ouve-se muito por estes dias. “Há pressa no ar” diz-nos o hino das JMJ Lisboa. Mas, a “minha” pressa e a “nossa” pressa, bem como a de Maria, não é a pressa das Jornadas! Ou pelo menos não deveria ser só essa pressa. Não, e não vou falar das Jornadas! Há pressa em reconstruir comunidades. Há pressa em recuperar dinamismos e compromissos. Há pressa, que é como quem diz, há urgência em ser Igreja!

Tantas coisas, nestes últimos tempos, nos afetaram e, provavelmente, a muitos derrotaram. E sim, as Jornadas podem ser e podem estar a ser alento para alguma recuperação e compromisso. Mas, dizia, tanta coisas nos afetaram: uma pandemia, que até nos fechou portas e levou gentes, uma certa perseguição ideológica a conceitos e comportamentos cristãos, humanos e sociais, a monstruosidade da pedofilia, mas também a mudança social bem evidente, e que há muito era notória, e à qual a Igreja não reagiu como Maria em resposta a verdadeira necessidade… Perdemos os canais de transmissão da fé e acomodámo-nos ou continuamos a insistir sem consequência; perdemos as famílias cristãs e consequentemente as vocações e acomodámo-nos; perdemos as crianças e os jovens e queixámo-nos dos pais; fomos perdendo comunidade e… e agora? Perdemos tempo de escuta, tempo de reconciliação, tempo de anúncio (por
vezes ainda o encontramos na homilia e tão só), tempo de estar com; muitos temos as igrejas fechadas… Há pressa em perceber e aceitar o como estamos e o que precisamos mudar! É esta a razão do elenco anterior e não tão simplesmente apontar defeitos ou ser crítico. Há pressa (mas não à pressa) em cuidar e reconstruir a Igreja, em habilitar quem ainda temos e favorecer o protagonismo e compromisso dos nossos cristãos!

A Arquidiocese de Évora também viveu e vive tudo isto. A consequência está à vista: pouquíssimos padres para área tão vasta e muitas paróquias; padres sobrecarregados com missões, funções, tarefas e envelhecidos; muitos já sem capacidade para iniciar novos projetos ou levar por diante planos pastorais; muitas vezes sós; comunidades sem chama, sem famílias comprometidas, sem crianças, sem jovens e, consequentemente, sem vocações; uma necessidade imperiosa de formação e acompanhamento dos catequistas aos quais não chega a boa vontade e os quais, tantas vezes, manifestam pouca disponibilidade para além de uma hora de “dar” catequese como se de uma aula se se tratasse…

Há pressa em reconstruir o tecido comunitário e em habilitar ao compromisso! Há pressa na missão de ser Igreja na Igreja! Bom! Após estas considerações que trarão sempre outras e que, mais do que desacordos ou discussões, devem aportar ações e respostas concretas, desafios e propostas, preciso partilhar não soluções mas ideias simples nascidas da reflexão preocupada de quem perdeu muito e percebe que falta vitalidade, compromisso, alegria e confiança, mas não deixa de acreditar que é possível! Algo imprescindível passa por despertar nos leigos que pertencem à comunidade, à vida paroquial, a possibilidade e a vontade de participarem de forma ativa na ação e missão pastoral. Que bom seria que famílias, jovens - sobretudo aqueles que manifestam sinais de liderança - os mais variados ministérios e mesmo outros, independentemente da sua condição social, grau académico, percurso de fé… ou que revelem interesse, cuidado e preocupação pela comunidade… pessoas que se possam convidar e em quem
manifestamos confiança, pudessem participar, não tanto de uma formação, mas quase que de um verdadeiro primeiro anúncio.

Como método queremos apostar no “aprender fazendo”, ou seja, aquisição de pequenas competências que permitam perder o medo do compromisso ou do ministério. Algo feito através da partilha e do diálogo em que ao longo do ano as vertentes bíblica, teológica e litúrgica fossem manifestadas de forma dinâmica, simples, básica e prática. Momentos presenciais da responsabilidade do pároco e da responsabilidade de um especialista, sempre com material de apoio a entregar a cada participante e desafios permanentes à oração e à ação, e um dia diocesano com todos os participantes privilegiando o fazer, o tocar… em jeito de workshop.

Cuidaremos de que seja simples, quase básico, mas ativo e comprometedor. Há pressa em habilitar e comprometer para reconstruir o nosso tecido paroquial e eclesial. Se funcionará? Depende de cada um de nós! Não é formação! É ação! Participarão muitos? Cristo também começou com poucos!… Mas se não fores já tu sozinho poderá ser melhor… E depois um segundo ano já provavelmente dirigido aos vários ministérios…

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