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Que noção temos do tempo e o que fazemos com o nosso tempo

o tempo influencia muito mais a nossa vida do que aquilo que à partida poderemos pensar, mas eu considero que o que mais influencia é a forma como o utilizamos e no que o utilizamos. Assim, deixo uma pergunta: o que andamos a fazer com o nosso tempo?

Que noção temos do tempo e o que fazemos com o nosso tempo
Inês Guerra
08 de março de 2023

O tempo marca o ritmo das nossas vidas, o nosso dia a dia; quantos de nós temos horas marcadas para realizar tudo na vida? A hora em que nos levantamos, a hora em que entramos no trabalho, a hora de saída, a hora de almoço, entre tantas outras horas. Por vezes, definimos tempo para resolver determinados assuntos ou tarefas. O que faz com que muitas vezes seja o tempo que gere a nossa vida e não somos nós que gerimos a nossa vida.

O tempo marca o ritmo da nossa vida e gerimo-la consoante o tempo que temos disponível. Muitas são as vezes em que oiço que as 24 horas do dia não chegam para tudo o que se tem para fazer. Esquecemos que nós próprios enquanto pessoas também temos o nosso tempo, e que precisamos de tempo, para nos construirmos enquanto pessoas deste mundo.

Sabemos que o tempo é um bem escasso e limitado em si. Por este motivo, têm surgido inúmeros workshops ou formações em gestão de tempo, pois existe a noção de que a gestão eficiente do tempo é uma ferramenta essencial à vida atual, para conseguirmos chegar ou responder a todas as solicitações que nos são colocadas. A gestão eficiente do tempo, obriga-nos a equacionar a importância do assunto face ao tempo que vamos despender. Esta equação do tempo força-nos a não perder tempo em situações que “não o merecem”, isto é, em atividades ou mesmo hábitos que temos na nossa vida nos quais, por vezes, não temos a noção que despendemos imenso tempo.

Admiro aquelas pessoas que parecem ter tempo para tudo, mas acho que tudo se resume a experiência de vida, não gastam tempo com “pequenos” assuntos, dão um tempo limitado às preocupações, retirando-lhes poder e capacidade de intrusão. Por vezes para gerir o meu tempo faço o exercício de passar do “e se?”, centrado no futuro, para o que a realidade pede em cada momento específico, e deste modo não perco tanto tempo.

O tempo, para mim, tem uma dimensão muito subjetiva; isto é, quando analiso alguns episódios da minha vida percebo que em algumas situações um minuto pode ser uma eternidade e, noutras situações este mesmo minuto é um ápice. Uma das variáveis que pode influenciar a nossa perceção de tempo é a idade. Quando andava na escola primária um ano letivo parecia-me uma vida! Hoje os anos passam eu nem dou por eles, e chego ao final de cada ano a questionar-me sobre como foi possível passar tão rápido e sobre o que fiz.

O contexto profissional também pode influenciar a noção de tempo. Como Assistente Social muitas vezes percebo quando estou a intervir com pessoas e famílias que solicitam uma resposta urgente às questões colocadas, o tempo é um fator essencial e muito valorizado na resolução das situações. Os Assistentes Sociais trabalham com problemas sociais complexos, em que as intervenções e as soluções não são lineares e exigem tempo. Mas, muitas vezes, o tempo das famílias e das pessoas com quem trabalhamos, não se coaduna com o tempo necessário para a resposta. Costumo dizer que por vezes o meu tempo, o tempo das pessoas e das famílias com quem trabalho, o tempo da instituição onde trabalho, o tempo das respostas da comunidade, não coincidem, o que pode resultar em problemas graves e num verdadeiro desafio profissional. Um exemplo disto é quando trabalho com pessoas com pouco tempo de vida e os recursos da comunidade não respondem em útil para aquela pessoa… e quando a resposta surge já não se adequa nem às pessoas, nem a mim como profissional.

De facto o tempo influencia muito mais a nossa vida do que aquilo que à partida poderemos pensar, mas eu considero que o que mais influencia é a forma como o utilizamos e no que o utilizamos. Assim, deixo uma pergunta: o que andamos a fazer com o nosso tempo?

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