Mão na mão com Deus
Pensava que, independentemente do Cardeal que fosse eleito, essa seria, acima de tudo, mais uma oportunidade dada à Igreja de andar «mão na mão com Deus».


Pe. Fernando Lopes
14 de maio de 2025
No dia 8 de maio, enquanto estava na Praça de São Pedro, em Roma, junto a centenas de outras pessoas, mantinha o olhar numa chaminé, aguardando ansiosamente o fumo branco. Pensava que, independentemente do Cardeal que fosse eleito, essa seria, acima de tudo, mais uma oportunidade dada à Igreja de andar «mão na mão com Deus». Isto porque, na Igreja, é sempre assim: é Deus que vem, que se dá e que oferece sempre mais uma oportunidade de caminhar juntos. Vejamos.
Jesus, em Jo 14, 3, não diz aos homens que devem «subir para Deus», mas que «quando Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e hei de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também». O caminho tem origem em Deus e não nos homens. É Deus que vem, que se dá, que caminha em direcção ao homem.
No princípio, não está um caminho que leva o homem a Deus. Existe, sim, um caminho que vem de Deus em direcção ao homem. É sempre Deus quem vem. É Deus que está, não só, na origem do caminho, mas é também a força motriz do caminhar. Deus dá-Se a toda a humanidade e procura caminhar em conjunto com toda a humanidade e realiza-o através da Igreja.
A Igreja é o caminho de que Deus se serve para vir ao encontro de todos os homens. Não procura divinizar os homens separadamente, mas toda a humanidade. Assim, a Igreja é a visibilidade desse dom de Deus na história. A Igreja não é simplesmente uma instituição, mas acolhimento de Jesus Cristo, sua pedra angular e cabeça, e forma de comunhão de todos os que acolhem Jesus Cristo. A Igreja é fruto do desejo divino de caminhar em conjunto com toda a humanidade. A Igreja é, desde a sua instituição, sinal do caminho que Deus quer fazer para e com cada homem. A Igreja não se situa a meio caminho entre Deus e o homem. É a Igreja que estabelece o contacto entre ambos. Ela não é a luz, mas a portadora da luz. Ela não é a vida, mas a portadora da vida. É pela Igreja e na Igreja que se dá a comunicação directa entre o homem e Deus, em Cristo. É na Igreja e através da Igreja, como afirma o Papa Leão XIV, que caminhamos juntos, «mão na mão com Deus».
Deus quer-nos bem, Deus ama-nos a todos. O mal não prevalecerá. Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos, mão na mão com Deus e entre nós, sigamos adiante. Somos discípulos de Cristo. Cristo vai à nossa frente. O mundo precisa da sua luz. A humanidade precisa d’Ele como ponte para poder ser alcançada por Deus e pelo seu amor. Ajudai-nos também vós e, depois, ajudai-vos uns aos outros a construir pontes, com o diálogo, o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo sempre em paz(1) .
A Igreja é, assim, um dom visível de Deus, um caminho de Deus para o homem e condição para que o homem caminhe, mão na mão com Deus, em direcção ao Reino.