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Ecos e ressonâncias do pontificado de Francisco

Na pluralidade de vozes que são as da Mesa Redonda, reunimos, neste dia, citações de textos do Papa ou reflexões pessoais dos nossos redatores. São ecos e ressonâncias que nos ficam na alma, para percorrer o mapa de esperança que nos legou para sempre.

Ecos e ressonâncias do pontificado de Francisco
23 de abril de 2025

Na pluralidade de vozes que são as da Mesa Redonda, reunimos, neste dia, citações de textos do Papa ou reflexões pessoais dos nossos redatores. São ecos e ressonâncias que nos ficam na alma, para percorrer o mapa de esperança que nos legou para sempre.



A cultura do encontro constrói pontes e abre janelas para os valores e princípios sagrados que inspiram os outros. Derruba os muros que dividem as pessoas (…). (2023, encontro com delegação de monges budistas no Vaticano)



«A vida é a arte do encontro» (…) Já várias vezes convidei a fazer crescer uma cultura do encontro (…). É um estilo de vida que tende a formar aquele poliedro que tem muitas faces, muitos lados, mas todos compõem uma unidade rica de matizes, porque «o todo é superior à parte». (FT 215)



Uma parte de nós que também parte…
É caso para dizer, ao jeito de Luís Peixoto “morreste-nos”, Papa Francisco. O lugar permanecerá vazio, ninguém o ocupará, mas o sentir, esse será eternamente preenchido, pelo sentido de serviço, com a humildade de quem conhece o valor da vida e a coragem de quem sonha, a forma mais elevada de amor. A palavra que melhor narra a vida e obra do nosso querido Papa Francisco é Ética. Aquele ethos que narra, distingue, cuida e une, pelo sorriso, pelo abraço, pelos sonhos. Que a missão do Papa Francisco nos inspire em cada gesto do dia-a-dia, com “todos, todos, todos”. Que a ética possa ir além das palavras e seja efetivada no comportamento Humano, pela defesa da nossa casa comum e pela possibilidade de um desenvolvimento integral, onde a vulnerabilidade é a condição que nos une e fortalece, pelo caminho da paz, da não violência, do cuidado e do amor.
A mensagem da Páscoa é sobre o triunfo da Vida sobre a Morte, que a dor da partida terrena seja superada pela esperança, neste ano Jubilar, que sejamos sempre capazes de “trocar os medos pelos sonhos”, e de sorrir, sempre!



Como Igreja que «caminha junta» com os homens, compartilhando as dificuldades da história, cultivamos o sonho de que a redescoberta da dignidade inviolável dos povos e da função de serviço da autoridade poderá ajudar também a sociedade civil a edificar-se na justiça e na fraternidade, gerando um mundo mais belo e mais digno do homem para as gerações que hão de vir depois de nós. (2015, cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos)



Basta um só Homem para que haja esperança, e esse Homem podes ser tu...



Com as suas palavras e os seus gestos, o Papa Francisco devolve à humanidade o vigor de uma esperança partilhada, convocando todas as nações a reencontrarem-se na fraternidade como caminho possível para uma nova gramática da paz .



Partilho os quatro sonhos de Francisco presentes na Exortação Querida Amazónia. A reflexão desenvolvida neste texto, decorrente do caminho sinodal, não é, no meu entender, e ao contrário do que alguns pensam, uma reflexão feita para a Amazónia, mas sim uma reflexão feita a partir da Amazónia, como laboratório onde tudo está interligado. A partir desta perspetiva, julgo ser legitimo afirmar que eles são sonhos que correspondem a quatro conversões/renovações a que a Comunidade Eclesial, no seu todo, é hoje convidada: a conversão pastoral, a conversão cultural, a conversão ecológica e a conversão sinodal.
“Sonho com uma Amazónia [Igreja] que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida.
“Sonho com uma Amazónia [Igreja] que preserve a riqueza cultural que a carateriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.
“Sonho com uma Amazónia [Igreja] que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.
“Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazónia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazónicos. (n. 7)”



Julgo que há tantas frases e ações deste Papa, que escolher uma seria sempre um desafio para quem tem de o fazer e uma injustiça para o Papa Francisco.
Contudo, há uma que destaco, "Não existe mãe solteira. Mãe não é um estado civil"



Queridos irmãos e irmãs, a resposta ao desafio colocado pelas migrações contemporâneas pode-se resumir em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Mas estes verbos não valem apenas para os migrantes e os refugiados; exprimem a missão da Igreja a favor de todos os habitantes das periferias existenciais, que devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Se pusermos em prática estes verbos, contribuímos para construir a cidade de Deus e do homem, promovemos o desenvolvimento humano integral de todas as pessoas e ajudamos também a comunidade mundial a ficar mais próxima de alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável que se propôs e que, caso contrário, dificilmente serão atingíveis. (2019, Mensagem para o Dia Mundial do Refugiado)



As palavras são muitas:
- Temos Mãe!
- Sede surfistas do Amor!



«As migrações constituirão uma pedra angular do futuro do mundo». Hoje, porém, são afetadas por uma «perda daquele sentido de responsabilidade fraterna, sobre o qual assenta toda a sociedade civil». A Europa, por exemplo, corre sérios riscos de ir por este caminho. Entretanto, «ajudada pelo seu grande património cultural e religioso, possui os instrumentos para defender a centralidade da pessoa humana e encontrar o justo equilíbrio entre estes dois deveres: o dever moral de tutelar os direitos dos seus cidadãos e o dever de garantir a assistência e o acolhimento dos imigrantes». (FT, n. 40)



Escolho dois pensamentos do Papa Francisco. Escolho-os da sua carta programática, a Evangelii Gaudium, aquela que, em meu entender, o Papa irá desenvolver ao longo do seu pontificado, pormenorizando-a em vários detalhes:
“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia-a-dia sem cessar.” (EG 3)
“Penso, aliás, que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar "descentralização".” (EG16)
Tenho a impressão que é daqui que decorre a postura de um homem desarmado, que ousa iniciar um caminho de conversa, sem certezas nem evidências, mas como qualquer outra pessoa, atreve-se a dizer: eu também tenho dúvidas. Cada um de nós tem o dever de fazer discernimento (n. 16), mas esse deve ser feito a partir do encontro pessoal com Jesus Cristo (n. 3).



«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. (27 de março de 2020)



O Papa FRANCISCO era um Homem profundamente bom e misericordioso, corajoso e coerente nas palavras e na ação. Na radicalidade do Bem e da Justiça, na verdadeira procura do caminho sinodal.
Um Papa (talvez o único na história da Igreja) que afastou um arcebispo por abuso sexual de menores e que pedia tolerância zero e transparência absoluta na resolução destas indignidades, na sociedade e no seio da Igreja, procurando redimi-la e purificá-la.
O Papa Francisco era um Homem da Cidade de Deus, profundamente preocupado com o mundo dos homens. Uma das suas reflexões que mais se sensibilizou foi (re)dita muito recentemente, nas meditações para a Via-Sacra do Coliseu, nesta Sexta-feira Santa. Dois dias antes da sua Páscoa quase coincidir com a do Salvador, apelou à “transformação de um mundo de cálculos e algoritmos de lógicas frias e interesses implacáveis e de uma economia que mata.” E prosseguiu a sua reflexão: “A lei da vossa casa, Senhor, a economia divina é outra coisa. A economia de Deus não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O vosso caminho, Senhor Jesus, é a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva, repara, guarda”.




Para além do «Todos, todos, todos», recordo agradecido algumas passagens da Evangelii Gaudium, em especial, o n. 27: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto-preservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. »



São inúmeras as frases inspiradoras do Papa Francisco (foi "o meu Papa"), mas deixo umas palavras que me tocaram muito:
- "Se o mal é contagioso, o bem também o é. Deixemo-nos contagiar pelo bem"
- "O único momento em que é lícito olhar outra pessoa de cima para baixo: quando queremos ajudá-la a levantar-se"
- "Substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!"



Há dias para os quais desejávamos simplesmente não acordar. Ontem foi um desses dias. Em viagem para Lisboa recebo uma mensagem da minha filha, "Mãe...é mesmo verdade?". Foi aí que soube do regresso do Papa Francisco para o Pai. Chorei. Sentada no comboio senti como se perdesse uma parte da minha vida, a fragilidade tomou o lugar da inevitabilidade, chorei. Aos poucos ouvia soarem os telemóveis e os comentários, "o Papa morreu!". Há um mês as notícias do seu estado de saúde preparavam-nos para esta inevitável possibilidade, mas no dia anterior surgira de surpresa, apesar do visível esforço, para dar a bênção aos fiéis na Praça de S. Pedro e renovar o apelo pela paz.
Quando cheguei ao Oriente resisti à tentação de entrar no comboio seguinte e regressar a casa, no momento perguntava-me o que estava a fazer em Lisboa. Não tive uma educação cristã, não fui batizada nem frequentei a catequese, o Espírito chamou-me várias vezes mas fui resistindo, até um dia... a minha conversão foi tardia. Logo, o meu percurso de fé foi configurado pelo Papa Francisco, a minha missão consolidou-se durante o seu pontificado, as suas palavras, as encíclicas, a sua vida, foram o grande modelo da minha formação cristã.
Estamos a viver o Ano Jubilar, Peregrinos de Esperança, convocado pelo Papa, ele bem sabia o quanto a humanidade necessita de esperança! Eu tenho esperança, mas agora preciso de um tempo de luto, penso que precisamos todos de fazer o luto.



Para partilhar a vida com a gente e dar-nos generosamente, precisamos de reconhecer também que cada pessoa é digna da nossa dedicação. E não pelo seu aspeto físico, suas capacidades, sua linguagem, sua mentalidade ou pelas satisfações que nos pode dar, mas porque é obra de Deus, criatura sua. Ele criou-a à sua imagem, e reflete algo da sua glória. Cada ser humano é objeto da ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita na sua vida. Na cruz, Jesus Cristo deu o seu sangue precioso por essa pessoa. Independentemente da aparência, cada um é imensamente sagrado e merece o nosso afeto e a nossa dedicação. Por isso, se consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida. É maravilhoso ser povo fiel de Deus. E ganhamos plenitude, quando derrubamos os muros e o coração se enche de rostos e de nomes! (EG 274)



Como gostaria de encontrar palavras para encorajar uma é poça evangelizadora mais ardorosa, alegre, generosa, ousada, cheia de amor até ao fim e feita de vida contagiante. Mas sei que nenhuma motivação será suficiente se não arder nos corações o fogo do Espírito". (EG 261)



Este excerto da Encíclica Fratelli Tutti, guia-me na minha ação política: “[…] Passados alguns anos, ao refletir sobre o próprio passado, a pergunta não será: «Quantos me aprovaram, quantos votaram em mim, quantos tiveram uma imagem positiva de mim?» As perguntas, talvez dolorosas, serão: «Quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços reais construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei? Que produzi no lugar que me foi confiado?» (FT, 197)



António, Carla, Carlos B., Carlos F, Cláudia, Eugénia, Fernanda, pe. Fernando, Francisca, Inês, José, Juan, pe. Luciano, pe. Luís, Mara, pe. Nélio, pe. Pedro, pe. Sérgio.

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