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Como queremos envelhecer

O envelhecimento, parte natural do processo biológico humano, enfrenta desafios devido às rápidas mudanças na sociedade, mas costumo dizer que envelhecer bem é uma arte. E nem todos a têm.

Como queremos envelhecer
Inês Guerra
12 de fevereiro de 2025

O envelhecimento demográfico é caracterizado pelo aumento da proporção de pessoas idosas na população total. As estatísticas demográficas indicam um acelerado envelhecimento em países desenvolvidos, incluindo Portugal, e em desenvolvimento. Segundo a PORDATA (2022), Portugal tem uma população mais idosa, com 2.424.122 pessoas com 65 anos ou mais em 2021, em comparação com 708.569, em 1960. A taxa bruta de natalidade diminuiu de 24,1% em 1960 para cerca de 7,7% em 2021. A esperança média de vida aumentou de 67,1 anos em 1970 para 80,7 em 2020. Há um duplo envelhecimento, com o aumento da população idosa devido à maior esperança de vida, e a redução da população jovem devido a menos nascimentos.

Perante estes dados, a questão do envelhecimento e a forma como queremos envelhecer parece-me incontornável. Embora se discuta o envelhecimento da população portuguesa, reflete-se pouco sobre como individualmente cada pessoa quer envelhecer, ou como está a preparar esta fase de vida.

Preparar esta fase vida implica que pensemos nela quando somos mais novos, numa ótica de antecipação, pois não teremos as mesmas capacidades físicas, nem tão pouco o mesmo rendimento disponível, pois este pode diminuir devido a vários fatores, como por exemplo o aumento dos custos com a saúde.

A preparação deve acontecer na fase da “meia-idade” (40 - 60 anos), mas neste momento de vida estamos pouco sensibilizados para a pensar. Esta preparação pode passar por pensar o que vamos fazer depois da reforma, ter projetos pessoais que possam acontecer nesta altura ou pensar em fazer planos de poupança para fazer face às despesas inerentes ao envelhecimento, como por exemplo uma possível institucionalização ou pagamento de serviços de apoio. A preparação do pós-reforma também pode passar por ter hábitos de alimentação saudáveis, pela prática de exercício físico ou tão simplesmente ter uma rotina de sono saudável.

A questão é que não conseguimos preparar, pensar ou planear quando estamos totalmente atolados noutras coisas que são mais urgentes naquele momento. Esta falta de tempo muitas vezes está relacionada com questões profissionais e questões familiares. A carreira profissional está no seu auge, e, ao mesmo tempo que os filhos ainda precisam de muito acompanhamento, os pais começam a precisar de apoio, é a chamada “Geração Sanduiche”, em que pessoas de meia-idade cuidam dos pais e filhos simultaneamente, é uma realidade bastante comum.

No meio deste turbilhão de tarefas profissionais e familiares, a última coisa em que pensamos é em preparar o nosso próprio envelhecimento ou mesmo simplesmente pensar em nós…. A nossa prioridade com toda a certeza não passa por tratar de nós, mas dos outros, até porque estamos numa idade em que a saúde, na generalidade das situações, ainda abunda.

O envelhecimento, parte natural do processo biológico humano, enfrenta desafios devido às rápidas mudanças na sociedade, mas costumo dizer que envelhecer bem é uma arte. E nem todos a têm.

O aumento da esperança média de vida resulta em mais idosos, sendo necessário mais cuidados médicos. A diminuição da população em idade ativa, afeta a economia e a sustentabilidade da Segurança Social. As dinâmicas familiares também mudam, com familiares obrigados a cuidar dos idosos devido à escassez de respostas acessíveis. Assim, não podemos ter as mesmas expectativas de envelhecer da mesma forma que os nossos avós, em que existiam redes familiares alargadas, as quais asseguravam os cuidados necessários.

Para tal, é necessário realizar um caminho progressivo tanto com as pessoas, bem como com os familiares e incutir desde cedo a preparação da reforma e hábitos de vida saudável.

Em Portugal temos várias respostas sociais, desde o apoio domiciliário, centros de convívio, ou ERPI (Estabelecimentos Residenciais para Idosos), o que começa a ser discutido é que a geração da meia-idade não se revê nas respostas sociais existentes, e que tem outro género de expetativa face a elas. Por um lado, as atuais respostas vão ser escassas diante do brutal envelhecimento demográfico que se verifica em Portugal, por outro, as respostas existentes não correspondem às expectativas que temos face ao nosso período de reforma. Pessoalmente, não me vejo a ser utente de um centro convívio, talvez preferisse pertencer a um grupo de leitura ou a um grupo cultural, onde me pudesse manter ativa e criar relações sociais.

As pessoas de meia-idade querem manter-se o máximo de tempo nas suas casas, integradas nas suas comunidades, e ter serviços e instituições que as possam acompanhar neste sentido.

Atualmente o nosso país não possui respostas suficientes ou mesmos adequadas para responder aos desafios que o período de reforma acarreta. Assim, deixo algumas questões para refletirmos sobre como queremos envelhecer: qual é a nossa expetativa para esta fase? O que podemos fazer hoje para viver melhor amanhã? O que estamos a fazer para isso?

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