Chamados ao amor: somos seres de relação, só existimos em relação com os outros. O segredo da felicidade é o amor. Encontramos esta mensagem no Evangelho de hoje.
VI Domingo de Páscoa
É característico do ser humano a busca da alegria e felicidade. Mas quantas vezes nessa procura só nos preocupamos com as coisas materiais. Mas, na realidade, a verdadeira alegria só se encontra quando nos sentimos amados e amamos. Somos seres de relação, só existimos em relação com os outros. O segredo da felicidade é o amor. Encontramos esta mensagem no Evangelho de hoje. A liturgia propõe-nos este texto de São João, que nos faz voltar ao discurso da Última Ceia, para não perdermos de vista o testamento de Jesus, que é o alicerce da comunidade nascida na Páscoa. O segredo da alegria de Jesus, da alegria completa, é o seu relacionamento de amor com o Pai.
Jesus viveu o seu amor em obediência filial ao Pai. Permanecer no amor de Jesus e guardar os seus mandamentos é o segredo da felicidade porque nos permite viver na companhia de Jesus e experimentar o seu amor. Aqui, o mandamento novo do amor, de amar como Jesus nos amou, atinge toda a sua plenitude. Jesus ama como o Pai o amou. Jesus recebe tudo do Pai, recebe o amor do Pai e dá-o aos seus amigos pelo Espírito de amor. O horizonte da vida cristã é o amor.
O nosso amor é a resposta a quem nos amou primeiro, que manifestou o seu amor por nós dando a sua vida até à morte. É comum escolhermos os nossos amigos. Foi isso que Jesus fez: Ele nos escolheu para que possamos saber como é Deus e como vive em nós. A raiz do amor cristão está em descobrir que Deus me amou primeiro.
A intimidade com Jesus e com o Pai transforma a vida dos crentes e leva-os a quebrar barreiras e dificuldades. É o que temos escutado no livro dos Atos dos Apóstolos nestes domingos de Páscoa, dando-nos conta da vida da Igreja nascente. Encontramo-nos perante o relato da abertura da comunidade de Jerusalém à missão dos pagãos, representada no centurião Cornélio. Pedro teve a coragem de reconhecer a ação do Espírito de Deus entre os pagãos e admiti-los à fé cristã. O amor cristão é universal, porque Cristo morreu por todos, incluindo os seus inimigos. A Boa Nova de Jesus não entende fronteiras, cor, língua ou posição social, é uma notícia com valor universal e todos são chamados à salvação. O amor cristão é chamado a transformar totalmente o mundo, criando uma civilização de amor fundada na justiça, na fraternidade, na paz e no respeito pela criação.
Também a segunda leitura nos recorda que o núcleo central do Cristianismo é o amor: amor a Deus, e amor de uns pelos outros. S. João apoia-se no mandamento de Jesus, que nos devemos amar uns aos outros como Ele nos amou. Este é um amor muito exigente, já que nos compromete a amar não só aqueles de quem gostamos, os que nos amam, que partilham as mesmas ideias, mas também aqueles de quem não gostamos tanto, os que são diferentes, os das periferias, como diz o Papa, … e isto não é tão fácil. A medida desse amor é a de Jesus, a da exigência máxima, a da entrega total por amor.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a interiorizar esta mensagem, para que não fiquem em meras reflexões teóricas, mas procuremos torná-las realidade em nossas vidas.