Hoje, primeiro dia do ano civil, é o dia da esperança, do sonho, do futuro. Diante de uma criança recém-nascida, todos os sonhos são legítimos. E, mais ainda, quando essa criança tem o nome de Jesus, o Príncipe da Paz. Por isso, no início de cada ano, voltamos a sonhar com aquilo de que mais precisamos: a PAZ.
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
Estamos ainda no Natal. E, na alegria desta celebração, que marca o virar de página do nosso calendário, está presente esta mulher singular que saudamos e veneramos como Santa Maria, Mãe de Deus. É o maior ‘título’ pelo qual Maria é designada. Deus decidiu tornar-se homem entre os homens, nascendo de uma mulher (2ª leitura).
O Evangelho apresenta-nos a reação da Mãe perante o acontecimento do nascimento do seu Filho com estas palavras: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.” Ou seja, Maria considera os acontecimentos de Belém como sinais que anunciam o sentido da vida de Jesus, sobretudo o mistério pascal. E, ao longo da sua vida, guardava no coração, no mais íntimo da sua pessoa, esforçando-se por entender esses sinais cada vez melhor.
“Deram-lhe o nome de Jesus…”
Todos temos um nome. E isso nos distingue na relação que estabelecemos com os outros. Quando fazemos algo em substituição de outra pessoa, dizemos que o fazemos em nome dela. Quando iniciamos as nossas orações, fazemo-lo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O costume de dar um nome às pessoas vem das origens. Na Bíblia, Adão e Eva marcam esse início. E, mesmo eles, ficaram encarregados de dar um nome a todas as coisas.
No Evangelho, S. Lucas refere que, na cerimónia da circuncisão, ao filho de Maria, deram o nome de Jesus, como tinha sido anunciado pelo Anjo. Ou seja, o nome de Jesus não foi uma escolha ou um capricho dos pais, dos avós ou dos padrinhos, mas foi escolhido por Deus para significar e designar a sua missão. O nome ‘Jesus’ significa ‘Deus salva’ ou ‘Salvação de Deus’. Na Bíblia, os nomes das pessoas não surgem por casualidade. Normalmente estão associados a uma missão.
Também hoje, como discípulos de Jesus Cristo, temos o nome de ‘cristãos’. É um nome que vem do começo do cristianismo, em Antioquia (Act 11, 26). Se assumimos esse nome, significa que o devemos dignificar em todos os âmbitos da nossa vida. Não nos chamamos apenas cristãos, somos cristãos; não nos chamamos apenas filhos de Deus, somos filhos de Deus. Temos algo de Deus, como se de uma herança genética se tratasse. Deste modo, tomamos parte da missão de Cristo, uma missão salvadora.
Hoje, primeiro dia do ano civil, é o dia da esperança, do sonho, do futuro. Diante de uma criança recém-nascida, todos os sonhos são legítimos. E, mais ainda, quando essa criança tem o nome de Jesus, o Príncipe da Paz. Por isso, no início de cada ano, voltamos a sonhar com aquilo de que mais precisamos: a PAZ. E desejamo-la uns aos outros: “O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz” (1ª leitura). Sabemos que a Paz é possível, mas que depende de nós. É um dom a realizar.
Na mensagem para este dia Mundial da Paz, o Papa Francisco sublinha que “não há paz sem a cultura do cuidado”. E isso traduz-se no “compromisso comum (…) para proteger e promover a dignidade e o bem de todos, enquanto disposição a interessar-se, a prestar atenção, disposição à compaixão, à reconciliação e à cura, ao respeito mútuo e ao acolhimento recíproco”.
Em tempo de pandemia, acompanhado por um notável pandemónio, é grande a multidão dos que cuidam. Mas é muito maior a dos que necessitam de cuidados. Os avanços científicos abrem-nos janelas de esperança. Continuemos a fazer a nossa parte. E que o Senhor nos abençoe e nos proteja (1ª leitura).