Jesus: sim ou não? Crer ou não crer: aceitar ou não aceitar; ouvir ou não ouvir. A pessoa de Jesus atravessa a história. De um modo ou de outro, é rara a pessoa que não se cruza com Ele e sinta obrigação de fazer uma escolha, clara ou implícita: sim, não, talvez, deixa para lá, não me incomodes, não me interessa.
IV Domingo de Quaresma
1. Deus salvador.
A vontade de Deus é salvar todas as pessoas e todo o universo. Salvou o seu povo da escravidão do Egito; salvou o seu povo do cativeiro de Babilónia; salvou-o em muitas e diversas circunstâncias de aflição. Mas a salvação divina é mais do que uma libertação exterior; passa pelo coração dos homens com quem fez uma Aliança de amor e de fidelidade. A salvação que Deus oferece é para todo o homem e para o homem todo: corpo e alma. Isto implica uma conversão à vontade de Deus.
Deus quis poupar o mundo ao castigo do pecado. “Ao chegar a plenitude dos tempos”, o Deus que quis e quer salvar o mundo, enviou o seu próprio filho Jesus, não para condenar o mundo mas para o salvar.
2. Jesus Salvador.
Como a serpente de bronze, no deserto, salvou o povo, também Jesus salva os que “olham” para ele. Jesus é enviado para salvar e não para condenar. O nome Jesus significa “Deus salva”. Os pastores em Belém ouviram a boa notícia: “nasceu um salvador”. S. Vicente de Paulo gostava de invocar Jesus com este nome: “ó Salvador!”
-Jesus: sim ou não? Crer ou não crer: aceitar ou não aceitar; ouvir ou não ouvir. A pessoa de Jesus atravessa a história. De um modo ou de outro, é rara a pessoa que não se cruza com Ele e sinta obrigação de fazer uma escolha, clara ou implícita: sim, não, talvez, deixa para lá, não me incomodes, não me interessa. D. Tolentino de Mendonça diz que a única vez que viu chorar o nosso filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço, foi quando ele “tropeçou” na palavra “Jesus”, como Paulo no caminho de Damasco. Levou tempo a responder; mas, com voz de silêncio, de lentidão e de soluços, respondeu: “não há nada superior a Jesus…”
A partir daqui a opção está feita, culpada ou não culpada. Tem de ser uma decisão livre, pessoal, consciente. A opção por Jesus deve ser radical, não no sentido radicalista ou fundamentalista ou fanatista, mas de radicalidade, profundidade, totalidade: escolher Jesus é pôr tudo o resto em segundo lugar. Ele quer tudo, assim como se deu todo a nós para cumprir a vontade do Pai do Céu.
Condenação ou vida eterna. Se é vontade divina salvar todas as pessoas, se Jesus veio para todos salvar, há dois tipos de resposta da nossa parte: aceitação ou recusa, vida eterna ou condenação. Sou livre ao fazer a escolha: terei de aceitar as consequências que lhe estão inerentes. Isto insere-se na linguagem bíblica dos dois caminhos cuja escolha temos de fazer, aceitando as consequências: bênção ou maldição, felicidade ou infelicidade, vida ou morte.
3. Igreja salvadora.
O Catecismo da Igreja Católica, citando o Concílio Vaticano II, diz que a Igreja, neste mundo, é o sacramento da salvação, o sinal e instrumento da comunhão de Deus e dos homens.
A Igreja não é a salvação: o salvador é um só, Jesus Cristo. Mas a Igreja é portadora e comunicadora da salvação que Cristo lhe confiou: ela faz isso por várias formas, sobretudo pelos sacramentos e através de sinais e símbolos variados. A Igreja é o corpo de Cristo de que Ele é a cabeça. Jesus falou claro:
Quem vos ouve, a Mim ouve… Ide, ensinai, batizai… Fazei isto em memória de Mim (nova ceia pascal, fração do pão, eucaristia). A quem perdoardes os pecados, serão perdoados. Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja… Tudo o que ligares na terra será ligado no Céu.
Sempre em ligação com a Palavra de Deus que ensina, esclarece e ilumina, e tem de ser proclamada.
O pensamento final para cada um de nós é este: Jesus Cristo, sim ou não? Todo ou partido? Condenação ou vida eterna?