S. Paulo tem razão quando compara o amor conjugal de homem e mulher ao amor de Cristo e da Igreja: coisa bela e sublime! Mas Cristo deu a vida pelo seu povo, pela Igreja. Deus é AMOR. Fixemo-nos na beleza e gozo do amor.
Domingo XXVII do Tempo Comum
Olhando para os textos litúrgicos da eucaristia deste domingo, e para o pensar e o agir da nossa sociedade, ocorreu-me esta ideia: Rasgar os textos? Corrigi-los? Adaptá-los? Como não se brinca com o fogo e trata-se de uma realidade muito polémica, apresento sucintamente e com clareza a minha reflexão, com base nas leituras e no Catecismo da Igreja Católica.
1.Igualdade do homem e da mulher.
1.1.Iguais em dignidade. Ambos criados à imagem e semelhança de Deus; os dois são seres humanos e, como tal, iguais em direitos e deveres. “Osso dos meus ossos”, disse Adão ao ver a mulher: esta é da mesma natureza daquele.
Não há lugar para machismos nem feminismos. Não é o homem mais do que a mulher nem a mulher mais do que o homem: iguais em direitos (humanos e divinos), mas com diferenças terrenas.
1.2.Diferentes em género ou sexo (masculino e feminino). A moderna teoria da identidade de género, como é apregoada e ensinada, não cabe na doutrina bíblica e eclesial. Também aqui, como noutros pontos de doutrina, a nossa fé marca a diferença e confirma a afirmação de Jesus: estais neste mundo mas não sois deste mundo: por isso o mundo vos odeia. Aceitar e respeitar as diferenças é uma coisa; dar testemunho da verdade --bíblica, teológica, científica, histórica, cultural— é outra coisa. Esta diferença sexual é tipológica, física, hormonal. A sua origem vem da obra da Criação e não de imposição social ou opção do próprio indivíduo.
2.Em união conjugal.
2.1.Mútua fidelidade. Unidos por Deus e em Deus, são os dois uma só carne. O casamento deve ser fruto e sinal do amor: o amor é força que une ou tende para a união. Para os católicos, o amor conjugal e matrimonial é para toda a vida, como o de Jesus pela Igreja. O casal une-se por um contrato, público e assinado, com testemunhas.
2.2.Infidelidade. Apesar da tradição judaica vinda de Moisés, Jesus condena o divórcio: “não separe o homem o que Deus uniu”. A mesma reprovação para o adultério: Jesus insiste neste ponto. Isto chocou de tal modo os Apóstolos que disseram: “a ser assim, mais vale não casar”. E Jesus, perentório como no discurso do pão da vida (comer a sua carne…), responde: “nem todos entendem esta linguagem: quem entender, entenda”. Jesus arrumou a questão.
A confirmar este pensar e falar de Jesus, vemos a sua atitude com a mulher apanhada em adultério e com a samaritana. À primeira, depois de a acolher e não condenar, conforme o rigorismo judaico, despede-a com estas palavras: “…não voltes a pecar”. À samaritana, depois de longa conversa, diz-lhe: “tiveste cinco maridos e o que tens agora não é teu marido”. João Baptista foi preso e degolado por esta causa. Jesus ensina-nos a acolher as pessoas, com caridade e tolerância; mas é honesto e pedagógico, discordar de atitudes e ideias reprováveis, convidando à conversão. O Papa Francisco insiste muito no acolhimento.
3.Em sofrimento.
A segunda leitura diz que Jesus nos salvou pelo sofrimento. O amor cristão e evangélico, seja a que nível for, implica sofrimento: “sem dor não se vive no amor”. O mesmo se diga do amor conjugal entre marido e esposa: prometem fidelidade na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Se a complementaridade entre homem e mulher traz consolação, gozo e alegria, também é certo que as diferenças geram dificuldades e perigos que urge evitar, vencer, ultrapassar e perdoar. Daí a objeção dos Apóstolos - “é melhor não casar” - e a resposta de Jesus - nem todos percebem isto. Temos de ser simples e humildes como crianças.
S. Paulo tem razão quando compara o amor conjugal de homem e mulher ao amor de Cristo e da Igreja: coisa bela e sublime! Mas Cristo deu a vida pelo seu povo, pela Igreja. Deus é AMOR. Fixemo-nos na beleza e gozo do amor.