Nos textos sagrados deste domingo podemos apreciar a diferença entre a Sabedoria divina e a Sabedoria humana. Se nos deixarmos iluminar pelos ensinamentos de Jesus e quisermos “compreender” e aceitar as suas palavras que nos falam do sacrifício e da oblação como caminho de salvação, poderemos comungar dos mesmos sentimentos de Cristo.
Domingo XXV do Tempo Comum
Neste Domingo, prosseguimos a caminhada com Jesus, segundo o Evangelho de Marcos. O Senhor vai à nossa frente, põe-se no nosso meio, pergunta-nos sobre as nossas vidas e anuncia-nos o caminho da humildade e do serviço.
Nos textos sagrados deste domingo podemos apreciar a diferença entre a Sabedoria divina e a Sabedoria humana. Se nos deixarmos iluminar pelos ensinamentos de Jesus e quisermos “compreender” e aceitar as suas palavras que nos falam do sacrifício e da oblação como caminho de salvação, poderemos comungar dos mesmos sentimentos de Cristo.
“A sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia” diz São Tiago na segunda leitura. Incompatível com a vida do cristão é a “sabedoria do mundo” que gera inveja, contendas, falsidade, rivalidade, desordem e toda a espécie de más acções. Acaba por destruir a vida da própria pessoa e por impedir a comunhão dos irmãos.
A sabedoria da Palavra de Deus, que hoje nos é proposta, parece andar na contramão da história. Observando friamente o quotidiano da sociedade, temos a impressão de que quem leva a melhor vantagem são os violentos, os corruptos e os opressores; e ultrapassados os que não aproveitam a onda da moda (sabedoria do mundo).
Os “mass media” e as “redes sociais” criam as suas modas e os seus padrões com critérios de sucesso e conseguem enredar a muitos, sobretudo os jovens. O modelo de beleza é tal modelo, tal artista; paira na sociedade a mentalidade de que tem valor quem é maior. Cair para a segunda divisão representa vexame. Vive-se no culto do “ser o herói”, do “ser o maior”. É importante cultivar a todo o custo a auto-estima e a satisfação pessoal no momento, descartando o que não agrada ou exige alguma renúncia.
No entanto, não podemos esquecer que “herói de verdade” é aquele que cumpre a sua tarefa no dia a dia, as suas obrigações com espírito de serviço. Heróis de verdade são os milhares de desempregados, ou empregados com salário mínimo que se conservam capazes de manter a serenidade, de acordar todos os dias e partir em busca do pão sem lançar mão à violência, à corrupção, à desonestidade, etc. Heroína ou grande é a mãe que, depois de um dia de trabalho cansativo, encontra forças para alimentar e cuidar dos filhos, acolher o marido e arrumar a casa, para no dia seguinte, bem cedo, retomar o caminho do trabalho. Heróis de verdade são aqueles grupos de voluntários que apesar das leis contrárias, lutam pela partilha, pela solidariedade e inter-ajuda.
O Evangelho nos apresenta, que as expectativas acerca do Messias apontavam para grandeza e poder, a instauração de um reino de Deus na Terra, entre os ricos e os poderosos. Assim pensava Pedro e com ele todos os Apóstolos e os Discípulos em geral. Entretanto, Jesus apresenta outra maneira de servir e revela-se como o verdadeiro Messias; um Messias Sofredor que passa pelo caminho da cruz por amor ao Pai e ao seu povo, que dá a vida e exige o mesmo de quem o queira seguir. Por isso, os Discípulos não querem compreender, nem têm a audácia para falarem com Jesus acerca disso. Os discípulos envolvem-se em discussões sobre quem dentre eles é o maior.
As palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos”. Para realizar o caminho de Jesus no dia-a-dia, impõe-se a humilde dedicação ao mais insignificante dentre os nossos irmãos, por isso, Jesus tomou uma criança e a colocou no meio deles. A criança desperta em nós o que nos torna semelhantes a Deus, nosso Pai. A atitude de serviço que Jesus pede aos seus discípulos deve manifestar-se, de forma especial, no acolhimento dos pobres, dos débeis, dos humildes, dos marginalizados, dos sem direitos, daqueles que não podem retribuir-nos.
Em tempo eleitoral, não deixamos de apreciar os belíssimos gestos de aproximação às pessoas e de desejo de um melhor serviço à comunidade. No entanto, o vulgo das pessoas, olha para estes gestos com desconfiança e com algum cepticismo e resignação, porque há sempre muitos testemunhos negativos do passado. Em campanha, prometem-se muitas coisas, formulam-se muitos bons propósitos, mas uma vez vencedores, ou não se lembram, ou não conseguem realizar o que prometeram, ou simplesmente seguem as rotinas dos anteriores. Mas, não deixamos de apontar que esta tomada de consciência por parte dos candidatos é válida e digna de apreço, pois revela o que de melhor existe no sentido do serviço do bem comum, mesmo que nalgum caso pontual eivado de algum interesse ou promoção pessoal.
Para bem de todos, desejamos que vençam os valores da democracia e do serviço ao bem comum, no respeito para com todos e na defesa dos mais frágeis e humildes da sociedade.