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Lições bíblicas

No Evangelho de hoje, Jesus acusa precisamente os judeus de terem convertido as suas belas tradições numa pura Lei que todos, sem exceção, se viam obrigados a cumprir. Quase de certeza que o rito de lavar as mãos antes de comer era, para o povo judeu, uma forma de expressar que a toda a comida era, em certo sentido, um momento de comunhão com Deus, que lhes tinha dado a terra em que habitavam e os seus frutos.

Domingo XXII do Tempo Comum

As sociedades ou grupos humanos, têm uma tendência natural para criar tradições quando se sentem felizes. As tradições são precisamente uma forma de recordar e de reviver esses momentos de felicidade, de plenitude e de comunhão. Muitos países celebram, todos os anos, o aniversário da sua independência. É a celebração da liberdade. Em Portugal, por exemplo, o dia 25 de abril reveste-se de um caráter festivo.

A maioria das tradições do povo judeu surgiu à volta da feliz recordação da sua libertação da escravidão do Egito e da entrada na Terra Prometida. São recordações e celebrações de um passado feliz. E, graças às tradições, vão passando de geração em geração.

O mal é que às vezes as tradições deixam de ser a recordação de um passado feliz para se tornarem em algo que há que fazer apenas ‘porque SIM’. Então perdem o seu sentido. Não são libertadoras. Não nos põem em ligação com a nossa história. E de certa forma, até nos oprimem ou nos obrigam a fazer coisas sem saber qual o seu sentido e razão.

No Evangelho de hoje, Jesus acusa precisamente os judeus de terem convertido as suas belas tradições numa pura Lei que todos, sem exceção, se viam obrigados a cumprir. Quase de certeza que o rito de lavar as mãos antes de comer era, para o povo judeu, uma forma de expressar que a toda a comida era, em certo sentido, um momento de comunhão com Deus, que lhes tinha dado a terra em que habitavam e os seus frutos. Mas, com o tempo, esqueceu-se esse significado e ficou apenas a norma, a tradição vazia de sentido.

Jesus recorda-lhes que lavar as mãos não pode ser mais do que um sinal de uma purificação mais profunda: a pureza de coração. Para entrar em comunhão com Deus, o que temos de purificar é o coração. As mãos são apenas um sinal dessa outra pureza necessária.

Nós, cristãos, podemos pensar que estamos livres dessas tentações que teve o mundo judeu. Mas não é verdade. Para quantos de nós a missa dominical é apenas uma obrigação que há que cumprir... apenas porque sim?! No entanto, na sua origem não foi mais do que a expressão da alegria vivida e sentida pela comunidade à volta de Jesus ressuscitado. Como é que se ia expressar uma alegria tão grande e profunda? Com a Eucaristia.

Mas acabámos por transformar numa ‘obrigação’ aquilo que é apenas uma alegre ação de graças em comunhão com os irmãos. E a missa é apenas um exemplo. Ser cristão não é cumprir uma série de normas. É viver com alegria o amor que Deus colocou nos nossos corações.

Pe. César Mendes, CM
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