O evangelista Marcos apresenta a Ascensão de Jesus ao Céu no contexto da missão dada aos Apóstolos. Não se trata de contemplar o triunfo de Cristo, mas de continuar a sua missão na terra, levando a mensagem do Evangelho até aos confins do mundo.
Domingo da Ascensão do Senhor
1. A descrição da Ascensão de Jesus que o autor dos Atos dos Apóstolos nos faz não é uma reportagem de um cronista, mas antes uma lição de catequese: Cristo, que deu a vida por nós numa cruz e ressuscitou vitorioso, entra na glória do Reino dos Céus, onde intercede por nós e nos prepara um lugar.
Cristo, prestes a deixar este mundo na sua experiência de assumir a nossa corpórea humanidade, observa que os seus discípulos ainda não tinham compreendido a sua missão: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?” É o caminho de crescimento espiritual que nós, seguidores de Jesus, precisamos de percorrer: o que eu desejo que Cristo seja na minha vida corresponde ao que Ele quer de mim?
2. São Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso, deseja que todos nós aspiremos a uma sabedoria que é dom de Deus, que ultrapassa o que os livros e os mestres nos podem ensinar. Assim compreenderemos a “esperança a que somos chamados”, que não é um vago desejo, mas a certeza de sermos amados por Deus que nos comunica a sua vida até chegarmos à plenitude de Cristo, cabeça do corpo do qual somos membros.
3. O evangelista Marcos apresenta a Ascensão de Jesus ao Céu no contexto da missão dada aos Apóstolos. Não se trata de contemplar o triunfo de Cristo, mas de continuar a sua missão na terra, levando a mensagem do Evangelho até aos confins do mundo. A garantia da realização da nossa missão de comunicadores da Boa Nova de Jesus não está nas nossas capacidades e virtudes, mas no poder do Senhor que nos envia.
4. Podemos dizer que falar da Ascensão de Jesus ao Céu implica uma linguagem altamente simbólica. Falar do Céu é sinónimo de paz, de pureza, de gozo infinito. O lugar de Deus é a paz, a vida plena, a alegria que nunca mais acaba. Mas o lugar de Deus é também na terra, pois Deus quer que tudo seja Céu. No Evangelho, Jesus quer que os discípulos continuem a sua obra. Diz-nos hoje também a nós.
5. Quanto mais deixarmos que Jesus nos ilumine o nosso coração, mais descobriremos como atua em nós. Os que cremos em Cristo Ressuscitado temos de ter um conhecimento intelectual dele, mas sobretudo a partir da experiência: o que vivemos cada dia vamo-lo discernindo desde a Palavra de Deus para regressar à vida mais renovados e comprometidos: ver-julgar-agir. Rezemos, escutemos a Palavra de Deus, vivamos a Eucaristia com mais alegria.
6. Elevemos o olhar ao Céu como quem quer tomar alento, mas não podemos ficar de braços cruzados, temos de chegar à ação, abrir pedaços de Céu na terra. Descobriremos pessoas com rosto concreto que necessita de consolo e ajuda. Pessoas e famílias feridas pela pandemia…, ponhamos pedaços de Céu, continuando a Sua obra graças à força de Seu Espírito. Para isso pode-nos ajudar uma oração conhecida:
“Cristo não tem mãos; só tem as nossas para alargá-las ao necessitado.
Cristo não tem pés; só tem os nossos para caminhar com o que está só.
Cristo não tem lábios; só tem os nossos para consolar os tristes.
Cristo só tem a nossa ajuda para ser portadores da sua mensagem.
Nós somos a última mensagem de Deus, escrita com factos e palavras.
Nós somos a única Bíblia que as pessoas ainda podem ler.
(Annie Johnson Flint).
7. Neste domingo celebra-se o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O Papa Francisco tomou como tema da sua mensagem para o presente ano: “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como estão”. É que nada substitui o ver e o conhecer pessoalmente, com realismo, ultrapassando os palpites do “parece que” e o nebuloso “dizem que disse”. Rezemos pelos jornalistas, agradecendo o seu serviço e pedindo a graça de serem fiéis à verdade e à proximidade com as pessoas.
Jesus Cristo subiu ao Céu, mas deixou-nos toda a “equipagem” para continuar o seu caminho e, sobretudo, deixou-nos o seu Espírito. Não estamos sós. Celebrá-lo-emos no próximo domingo na festa de Pentecostes. Durante esta semana, invoquemos o Espírito Santo.