“Vós sois o sal da terra e luz do mundo” Mt 5, 13-14.

O cristão é chamado a ser sal da terra e luz do mundo, isto é, a produzir frutos com sabor, gosto e dar brilho e direção aos caminhos da vida.

O grande sermão da montanha de Jesus aos seus discípulos e ao povo marcava um perfil, identidade e acima de tudo, um estilo próprio de vida de Jesus. As Bem-aventuradas são na verdade o cartão de cidadão do cristão para o alcance da felicidade eterna.
Na liturgia deste quinto domingo nos é proposto dois sinais próprios e elementos indispensáveis (Sal e Luz) para a vida humana porque em todos os tempos o sal é um produto para dar sabor e conservar os alimentos e luz para iluminar as casas, ruas e cidades.

Na primeira leitura somos chamados a ser luz, não uma luz qualquer, mas uma luz que ilumina o mundo e é capaz de clarear em todos os cantos. Isaías reconhece que o cumprimento dos rituais como jejuns e sacrifícios para os Judeus eram a forma mais viva e concreta da relação com o seu Deus, e apela ao compromisso e solidariedade. Há hoje a necessidade de nos libertamos dos nossos rituais vazios e sem ação. Não porque a oração, o jejum, as devoções, sejam coisas supérfluas e inúteis como a nossa geração pensa, mas, somos chamados a reviver o compromisso batismal para encontrarmos a resposta chave do sacrifício do jejum que é privar-se de algo com a finalidade de ajudar, os irmãos mais necessitados, como fruto da concretização da nossa vida cotidiana e do cumprimento da missão que recebemos no dia do nosso Batismo: ser luz e fazê-la brilhar no coração dos outros.

“Vós sois o sal da terra e luz do mundo” ...
No evangelho, Jesus dá continuidade às suas instruções e ensinamentos, desta vez desafia os discípulos e o povo a serem mais visíveis e concretos: ser Sal e Luz do mundo para que mundo seja vivo e saboroso, seja um mundo bom e livre das trevas. Alerta que o coração de um cristão é um coração que brilha e dá brilho aos outros corações. O cristão é aquele que não comete muitos erros “muito sal”, nem que vive levianamente “pouco sal”, mas sim, um equilibrado, moderado “nos temperos” para mostrar a nossa justiça, para que os nossos alimentos “ações” se transformem em alimentos deliciosos “ações boas e edificantes”. Que a alegria e o bom gosto que sentimos nos alimentos bem temperados, seja a alegria que o missionário transmite aos seus irmãos. Jesus incentiva o cristão para viver o seu batismo, que não perca nenhuma propriedade, mas sim, seja idóneo e transforme o mundo, criando boas relações.

“Cada ser vem ao mundo para brilhar. Cada brilho tem sua magia e a magia da vida é a de deixarmos resplandecer, nossa luz.” Nara Queiroz.

A luz é sinal de vida e revelação do oculto/invisível como escutamos todos os dias (a jovem “deu à luz”). Esta luz que Jesus transmite é a sua própria luz: Eu Sou a luz, a verdade e a vida (Jo 14, 6), uma luz que tem a capacidade e missão de iluminar o mundo. A preocupação fundamental do Mestre é mostrar ao cristão que uma vida sem luz não tem horizontes, é um caos, uma escuridão, é uma vida de pecado.

Irmão, só saboreamos os alimentos se tivermos um bom paladar e iluminamos bem a nossa casa se tivermos boas luzes. Jesus chama a atenção que o brilho começa no coração de cada um. Que a luz brilhe em nossa casa e que esta luz não seja só para mim (lâmpada debaixo do alqueire), mas que sejamos portadores da claridade de Deus no mundo.

O critério para ser luz e sal do mundo é aceitar a Cruz de Cristo como fez Paulo, anunciar e testemunhar aquilo que ouviu e viu, mesmo que seja escândalo para os judeus e loucura para os gentios (aqueles que confiam apenas na lógica humana), para ele a verdadeira sabedoria vem de Deus.

Será que dou sentido, sabor e ilumino a minha vida e a dos outros? Consigo com muita sensibilidade viver as obras de misericórdia, como parte do meu compromisso batismal? Será que consigo deixar o meu eu e carrego com humildade e simplicidade a cruz de Cristo?

“Vos sois sal da terra e luz do mundo” ...