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Solenidade da Epifania do Senhor

Aprendamos dos magos a desejar encontrar-nos com Jesus como eles desejaram; a adorar o menino Deus como reconhecimento da grandeza de Deus que se faz humilde e pobre; a trilhar um caminho diferente, cada vez mais marcado pela presença de Deus na nossa vida!

“Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer?” (Mt 2,2)

Não deixa de ser curioso que o episódio dos Magos que o Evangelho nos oferece na festa da Epifania do Senhor tenha sido, desde os primeiros tempos da Igreja, um dos temas preferidos pelos artistas cristãos para as suas pinturas e até mesmo sarcófagos. O fascínio provocado era tal que este tema aparecia mais vezes ainda do que o próprio tema do Natal. Para ilustrar melhor este facto, muitos cristãos tentaram ir mais longe na procura de respostas para várias perguntas às quais o relato não responde, tendo gerado várias lendas. Exemplo disso são o seu número (3), que eram reis (são apenas Magos), os seus nomes e as suas raças. Tentaram, inclusivamente, descobrir nas estrelas qual o astro que viram e que lhes indicou o lugar do nascimento de Jesus e até mesmo onde se encontram os seus restos mortais (primeiro Constantinopla, depois Milão e, finalmente, Colónia).

É, de facto, muito interessante verificar o fascínio que provoca este relato em todos nós quanto àquilo que não está no texto bíblico e apela à nossa imaginação, mas mais fascinante ainda, é a mensagem contida no texto. É nela que devemos centrar toda a nossa atenção.

1. Um desejo. De olhar fito no céu e não na terra, tudo começa com um desejo que conduz a uma pergunta dos magos: “Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer?” (Mt 2,2). O Homem é um ser de desejos. E também de perguntas. Meditando neste relato somos convidados a aprender na escola do desejo dos magos que nos ensinam a desejar encontrar o Menino Deus. E nos ensinam ainda a fazer as perguntas certas que nos levam à verdadeira felicidade, aquelas que nos ajudam a descobrir a nossa origem divina e nos tornam «indagadores de Deus». O seu desejo e a sua pergunta mostram-nos os lugares onde podemos encontrar o Senhor, a única estrela que deve guiar o nosso caminhar terreno.

2. Uma atitude. Diz-nos o Evangelho que, ao verem o Menino com Maria, sua mãe, prostraram-se e «adoraram-n’O». A atitude dos magos contrasta, em primeiro lugar, com os outros personagens. Herodes é falso e hostil, querendo matar Jesus. Recorda-nos os muitos cristãos de hoje que continuam a ser perseguidos das mais variadas formas. E os príncipes dos sacerdotes e escribas, supostamente mais sabedores das «coisas de Deus», são apanhados desprevenidos e permanecem na indiferença. Aqui se incluem cada vez mais pessoas e até mesmo cristãos que não vivem e celebram a sua fé. Rezemos por todos eles. O modelo que devemos seguir, uma vez mais, é o que nos oferecem os magos: «prostraram-se» e «adoraram-no». São gestos e atitudes que identificam Jesus como rei e filho de Deus. Assim também nós somos convidados a agir e a atuar de modo a que em tudo se manifeste o nosso amor e adoração ao Menino Deus.

3. Um caminho diferente. O Evangelho termina dizendo que os magos, depois de se encontrarem com Jesus, «regressaram à sua terra por outro caminho». É-nos dito que o motivo desta mudança são as pretensões assassinas de Herodes. Mas o encontro com Jesus é sempre portador de vida, de dinamismo e de mudança. Cada encontro com Jesus é um encontro transformador que nos impele a trilhar outros caminhos mais plenos de vida e da presença de Deus. Peçamos ao menino Deus que nos renove interiormente a cada encontro com Ele e nos leve a caminhar sempre e mais a seu lado. Que a nossa vida seja pautada pela vida de Cristo que celebramos na liturgia, recordando o costume de fazer na festa da Epifania o chamado «pregão» para anunciar as grandes celebrações da nossa fé ao longo de mais um ano civil recentemente iniciado.

Deixemo-nos, enfim, fascinar pelo interior e não pelo exterior que inspira este relato bíblico. Aprendamos dos magos a desejar encontrar-nos com Jesus como eles desejaram; a adorar o menino Deus como reconhecimento da grandeza de Deus que se faz humilde e pobre; a trilhar um caminho diferente, cada vez mais marcado pela presença de Deus na nossa vida!

Pe. Bruno Cunha, CM
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