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Sexta-feira Santa

Na cruz, Cristo não morreu para si mesmo, mas para e pelos outros, por nós. Só uma vida dada aos outros por amor pode dar fruto e tornar-se semente de vida eterna!

A liturgia deste dia santo, no qual não se celebra o sacramento da Eucaristia, coloca como centro da nossa atenção o símbolo maior da nossa fé: a cruz. Ela é a única escada suficiente para alcançar a soleira dos céus. Na cruz, Jesus une em si o mais alto dos céus e o mais profundo dos abismos. Na cruz, Jesus abraça todos nós com o seu amor, de modo que ninguém fica na periferia ou é excluído.

Para nos ajudar a perceber mais profundamente a espiritualidade deste dia, recordo uma breve reflexão partilhada pelo Papa Francisco a propósito do mistério pascal:
“Os rios não bebem a sua própria água. As árvores não comem os seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo. E as flores não espalham a sua fragrância para si. Viver para os outros é uma regra da natureza. A vida é bela quando se é feliz. Mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por tua causa”.

Na cruz, Cristo não morreu para si mesmo, mas para e pelos outros, por nós. Só uma vida dada aos outros por amor pode dar fruto e tornar-se semente de vida eterna! Uma vida vivida para si mesma é estéril, não dá fruto, é triste… Uma vida dada aos outros, vivida para os outros e para Deus é uma vida aberta à felicidade e à plenitude! Porque Cristo morreu por nós e não para si mesmo, a sua morte tornou-se a porta da vida eterna! Como Cristo, assim também nós devemos viver para os outros se queremos a vida eterna que nos está prometida!

Peçamos, pois, ao Senhor da vida, que nos ajude a acolher no nosso coração a felicidade e a vida que o mistério da cruz representa para o cristão. Que ela não seja apenas um amuleto que trazemos ao peito ou um gesto que repetimos, muitas vezes desprovido de sentido, mas um modo de viver que nos aproxima de nós mesmos, de Deus e do Homem. Talvez o poema de Santa Teresa de Ávila intitulado «À cruz» nos possa ajudar neste propósito:
Gostosa quietação da minha vida,
Sê bem-vinda, cruz querida.
Ó bandeira que amparaste
o fraco e o fizeste forte!

Ó vida da nossa morte,
quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

Quem não te ama vive atado,
e da liberdade alheio;
Quem te abraça sem receio
não toma caminho errado.

Oh! ditoso o teu reinado,
onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.

Do cativeiro do inferno,
ó cruz, foste a liberdade;
Aos males da humanidade
deste o remédio mais terno.

Deu-nos, por ti, Deus Eterno
alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.

Pe. Bruno Cunha, CM
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