III Domingo do Tempo Comum
É a Palavra de Jesus – o Evangelho – que muda o mundo e os corações! Somos chamados, portanto, a confiar na palavra de Cristo, a abrir-nos à misericórdia do Pai e a deixar-nos transformar pela graça do Espírito Santo.
«Estabeleço que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus».
Deste modo o Papa Francisco, convocava os crentes para a dedicação dum domingo do Ano Litúrgico particularmente à Palavra de Deus «para permitir, antes de mais nada, fazer a Igreja reviver o gesto do Ressuscitado que abre, também para nós, o tesouro da sua Palavra, para podermos ser no mundo arautos desta riqueza inexaurível». E, como nos comunicou, respondia assim, aos muitos pedidos que lhe tinham chegado da parte do povo de Deus «no sentido de se poder celebrar o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igreja e com unidade de intenções».
Portanto, «é bom que não venha jamais a faltar na vida do nosso povo esta relação decisiva com a Palavra viva, que o Senhor nunca Se cansa de dirigir à sua Esposa, para que esta possa crescer no amor e no testemunho da fé».
Para isso, é fundamental que as comunidades cristãs que vivem e caminham sinodalmente possam, ajustando à sua realidade, não negligenciar algumas das recomendações do Santo Padre: «será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus. Neste Domingo, em particular, será útil colocar em evidência a sua proclamação e adaptar a homilia para se pôr em destaque o serviço que se presta à Palavra do Senhor. (…) os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.» (Aperuit illis)
Em cada celebração litúrgica «a homilia constitui uma atualização da mensagem da Sagrada Escritura (…) e deve levar à compreensão do mistério que se celebra; convidar para a missão, preparando a assembleia para a profissão de fé, a oração universal e a liturgia eucarística». (Verbum Domini, 59)
O Evangelho de hoje (cf. Mt 4, 12-23) apresenta-nos o início da missão pública de Jesus.
Jesus deixa Nazaré e vai para a Galileia, uma terra de periferia em relação a Jerusalém, e vista com desconfiança pelos crentes, pois era constituída por muitos pagãos. De tal forma que, para os crentes, daquela região não se podia esperar nada de bom, nem de novo. Mas foi precisamente ali que Jesus começou a sua pregação. Como que a querer dizer-nos que é nesses “lugares inesperados”, muitos deles periferias existenciais que, também hoje, devemos começar o anúncio do Evangelho.
E o que devemos anunciar?
Jesus resume o seu ensinamento num apelo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu».
Para aqueles que eram tidos como estando longe do Céu, ouvir que ele também está próximo deles; escutar a proclamação da proximidade de Deus, deve ter sido sentida como um verdadeiro bálsamo espiritual.
Esta proclamação é como que um poderoso raio de luz que atravessa as trevas e corta o nevoeiro, e evoca a profecia de Isaías que é lida na noite de Natal e que voltamos a escutar na primeira leitura: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou (9, 1)».
Com a vinda de Jesus, luz do mundo, Deus Pai mostrou à humanidade a sua proximidade e amizade. Elas são-nos dadas livremente para além dos nossos méritos. A proximidade de Deus e a amizade de Deus não são um mérito nosso: são um dom gratuito de Deus. Devemos preservar e conservar com amor este dom, mas não esquecer nunca que o levamos em «vasos de barro».
Muitas vezes sentimos que é impossível mudar de vida, abandonar o caminho do egoísmo, do mal, abandonar o caminho do pecado, porque concentramos o compromisso de conversão apenas em nós mesmos e nas próprias forças, e não em Cristo e no seu Espírito.
A nossa adesão ao Senhor não pode ser reduzida a um esforço pessoal, não. Pensar assim seria também um pecado de orgulho. A nossa adesão ao Senhor não pode ser reduzida a um esforço pessoal, mas deve ser expressa numa abertura confiante de coração e razão para acolher a Boa Nova que é Jesus.
É a Palavra de Jesus – o Evangelho – que muda o mundo e os corações! Somos chamados, portanto, a confiar na palavra de Cristo, a abrir-nos à misericórdia do Pai e a deixar-nos transformar pela graça do Espírito Santo.
Como aconteceu com os primeiros discípulos: o encontro com o divino Mestre, com o seu olhar compadecido e misericordioso, com a sua palavra, deu-lhes o impulso para o seguir, para mudar as suas vidas servindo concretamente o Reino de Deus. É assim que começa o verdadeiro caminho da conversão.
O encontro surpreendente e decisivo com Jesus deu início ao caminho dos discípulos, transformando-os em anunciadores e testemunhas do amor de Deus para com o seu povo. À imitação destes primeiros anunciadores e mensageiros da Palavra de Deus, que cada um de nós oriente a sua vida pelas pegadas do Salvador, para oferecer esperança àqueles que dela carecem.