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I Domingo da Quaresma

No sentido cristão, tentação é tudo o que me seduz e leva para o mal, sejam pessoas, coisas ou animais, acontecimentos, etc. Estas forças procuram seduzir-me e levar-me a agir ou falar contra Deus, contra a Igreja, contra os outros, contra a natureza, contra todos os valores supostamente aceites, sejam inatos ou adquiridos.

1. TENTAÇÃO
No sentido cristão, tentação é tudo o que me seduz e leva para o mal, sejam pessoas, coisas ou animais, acontecimentos, etc. Estas forças procuram seduzir-me e levar-me a agir ou falar contra Deus, contra a Igreja, contra os outros, contra a natureza, contra todos os valores supostamente aceites, sejam inatos ou adquiridos.

A tentação, por si só, não é pecado: o próprio Jesus foi tentado mas não pecou. Pecado é “cair” na tentação, como rezamos no Pai-nosso: eu peco, sempre que cedo à tentação, fazendo o mal ou omitindo o bem, consciente e livremente.

As consequências da tentação, segundo as leituras de hoje (1l, 2l), são o pecado (ofensa a Deus) e a morte (castigo de Deus). Cair na tentação é sempre colocar-se em situação contra Deus, seja contra as pessoas, seja), contra a própria criação. Caindo na tentação, Adão e Eva atraíram para si (e seus descendentes) a morte.

Se há tentação, é porque há tentadores. O catecismo clássico apresentava três, como inimigos da alma: mundo, demónio e carne.

O mundo da mentalidade vadia, libertina, egoísta, hedonista; o mundo dos “media” quando servem o mal e o erro; o mundo da corrução e da exploração humanas e injustas; o mundo da mentira, da hipocrisia e da cobardia; o mundo das modas indecentes e provocadoras, do consumismo, do roubo, de todos os vícios que degradam a pessoa e atentam contra a saúde pessoal ou alheia (tabaco, álcool, droga, jogo, etc.). Quantas tentações nos provoca este mundo e esta sociedade do século vinte e um. São necessários muitos mísseis espirituais para vencer tão grande e poderoso exército.

O demónio: a serpente da primeira leitura e o demónio de que fala o evangelho. Este inimigo e adversário de Deus está presente em toda a História da Salvação, desde a Criação do mundo (no livro do Génesis) até à luta final e escatológica (no livro do Apocalipse). Não se vê, nem se percebe pelos nossos sentidos corporais (salvo raras exceções); mas sente-se na nossa vida de cada dia, principalmente em determinadas ocasiões e com certas pessoas.

A carne é tudo o que se refere às nossas más tendências e inclinações para o mal. Por causa de Adão e Eva, a pessoa humana está inclinada para o mal. É preciso muita atenção, autocontrole, autoanálise, autocrítica para conhecermos e combatermos este tentador que está em nós.

Os tentadores não ficam por aqui. Pessoas há que nos podem tentar, mesmo sem maldade: as más companhias, os maus conselheiros e falsos amigos, os maus vizinhos e os maus parentes (como foi Eva para Adão). A figura messiânica, descrita pelo profeta Isaías, era um Servo sofredor, alvo de troça e escárnio. A Bíblia fala do justo perseguido, objeto de mofa e insulto por parte dos ímpios. Por um homem entrou o pecado no mundo, o “pecado original” (1 leitura)

2. ESPÉCIES DE TENTAÇÃO (Ev, 1l)
Se são muitos os tentadores, não são menos as tentações. O demónio tentou vencer Jesus com várias tentações.

A comida, os bens materiais, ou seja: a riqueza e a ambição desmedida de bens terrenos. A fome pode levar os famintos ao roubo ou levar os ricos e poderosos a explorar quem precisa. Jesus, que matou a fome a multidões, respondeu ao diabo: nem só de pão vive o homem… A ostentação, o orgulho, a vaidade, o poder: é a segunda tentação diabólica feita a Jesus. Na primeira leitura o demónio levou os nossos primeiros pais ao pecado pela ambição do saber mais, saber como Deus, a autodeterminação e independência, o abuso da liberdade de escolha: ser livre, ter direito de escolher não é o mesmo que abusar da liberdade em meu prejuízo e principalmente em colisão com direitos das outras pessoas ou de Deus.
A juntar a isto tudo, está toda a espécie de idolatria, isto é: tudo aquilo e toda a pessoa que colocamos no lugar de Deus ou acima de Deus. “Pai… não nos deixes cair na tentação”.

3. DEFESAS
Cada um de nós precisa de estar bem armado para se defender de tantos inimigos. “O Deus dos Exércitos está connosco, o Deus de Jacob é a nossa fortaleza”; por isso, recorremos a Ele, principalmente nas horas de combate.

Palavra de Deus – Bíblia: foi por aí que o demónio tentou Jesus, foi por aí que Jesus venceu a tentação. É preciso ler, ouvir, estudar e conhecer a Palavra de Deus. Palavra da Igreja: A Igreja tem a missão-obrigação de ensinar: quem ouve os “Apóstolos”, ouve o próprio Jesus. Os cristãos devem ter em sua casa a Bíblia e o Catecismo da Igreja Católica. Mas cada um deve armar-se a si mesmo, usando a própria vontade, o autocontrole e autodomínio, o esforço pessoal com grande dose de perseverança e esperança. Há muitas tentações e muitas guerras que requerem grande resistência pessoal, antes de recorrer a outras defesas. Deus está connosco; ninguém é tentado acima das próprias forças e das suas defesas.

Pe. Carlos Moura, CM
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