XXIX Domingo do Tempo Comum
É precisamente sobre a oração e a necessidade de rezar sempre, com insistência e sem desanimar, que nos fala a Palavra de Deus deste domingo, especialmente a 1ª leitura e o Evangelho.
XXIX Domingo do Tempo Comum
“Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18,8), pergunta Jesus no final do Evangelho deste domingo (XXIX do Tempo Comum, ano c). Às vezes, começar pelo fim pode ajudar a perceber o início e o caminho percorrido. Pode ser o caso do Evangelho deste domingo. Na verdade, não sabemos quando voltará o Filho do Homem, mas sabemos que Ele poderá encontrar fé sobre a terra se rezarmos, pois, como diz o Papa Francisco, «a oração é a respiração da fé e a sua expressão mais adequada».
Num mundo cada vez mais marcado pelo passageiro e pelo frenesim do instante, o Homem vai eliminando aquilo que lhe parece menos importante e útil para a sua felicidade. E, desafortunadamente, nessa lista parece estar, até para muitos cristãos, a própria oração. Na Ásia, mais precisamente, no Uzbequistão, existe um museu anti-religioso que numa das suas paredes coloca várias fotografias de crentes a rezar. Como legenda das fotos, coloca esta inscrição: «todas estas horas de orações inúteis são horas perdidas para o trabalho. Lembrem-se de que a oração é a pior das drogas». O Papa Francisco, por exemplo, numa das suas várias dezenas de catequeses sobre a oração (dia 11 de novembro de 2020) partilhou que alguém lhe disse que “falava demasiado de oração. Não é necessário”. Ora aqui é que está o grande equívoco, pensar que não é necessário falar tanto de oração. A atual crise de fé está indubitavelmente associada à falta de oração…
E é precisamente sobre a oração e a necessidade de rezar sempre, com insistência e sem desanimar, que nos fala a Palavra de Deus deste domingo, especialmente a 1ª leitura e o Evangelho. Moisés, ajudado por Aarão e Hur, permanece com as mãos levantadas para o céu, pois percebe que essa atitude de súplica e de louvor reverencial agrada a Deus. E, se o juiz iníquo da parábola de Jesus atende a súplica da viúva pela sua insistência, muito mais Deus faz justiça «bem depressa» aos seus eleitos. Esta parábola é uma das páginas mais significativas de São Lucas, também conhecido como o evangelista da oração. É, de longe, o evangelista que coloca Jesus a rezar mais vezes sozinho e o apresenta como modelo de oração. É também ele que nos apresenta a persistência e a humildade como características fundamentais da oração cristã. Noutra das suas catequeses sobre a oração o Papa Francisco acrescenta que ela é o leme que guia a rota de Jesus e possui 4 características: é o seu primeiro desejo do dia, deve ser praticada com insistência, deve ser dirigida a Deus na solidão e é o lugar onde percebemos que tudo vem de Deus e para Ele volta.
Ambas as leituras são, pois, um convite à oração. E não é preciso muito para dirigir a Deus uma oração valorosa. É o caso da oração diária que fazia um taxista antes de começar o seu trabalho duro no meio do trânsito citadino: «Senhor, dentro de pouco tempo, é provável que eu te esqueça. Peço, pois, que Tu não me esqueças!».
Mas, voltando à pergunta de Jesus sobre «se encontrará fé na terra», São Paulo sugere na 2ª leitura que, tal como Timóteo, permaneçamos firmes no que aprendemos (na fé) através das Sagradas Escrituras. Elas são úteis para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Elas devem ser proclamadas de forma insistente a propósito e a despropósito para que o «homem de Deus» (nós) fique bem preparado para todas as boas obras. Aqui está, pela pena de São Paulo, mais um instrumento necessário para que a fé continue presente na terra.
Deste modo, as leituras sagradas deste domingo sugerem-nos que rezemos com insistência e meditemos na Palavra de Deus como forma de fortalecer a nossa fé e respondermos à pergunta de Jesus: Sim! Pela oração e pela Palavra de Deus a fé continua presente na nossa vida, na nossa família, na nossa terra…