XXI Domingo do Tempo Comum
«Como nos podemos salvar?» É a pergunta que cada um tem na sua consciência e que, de vez em vez, invade a nossa alma! Muitas vezes, surge como grito desesperado; outras vezes, surge como silêncio; outras vezes ainda, como mero pensamento.
XXI Domingo do Tempo Comum
«Como nos podemos salvar?» É a pergunta que cada um tem na sua consciência e que, de vez em vez, invade a nossa alma! Muitas vezes, surge como grito desesperado; outras vezes, surge como silêncio; outras vezes ainda, como mero pensamento. O que é certo é que esta necessidade de salvação ocupa um lugar centrar na perícope evangélica, não só neste domingo, mas na própria missão de Deus, em Jesus Cristo.
O texto Evangélico encontra-se na secção lucana do caminho de Jesus até a Jerusalém, ou seja, no caminho para a Sua morte. Percebemos que o tom da pergunta vem a propósito do que Jesus estava prestes a sofrer e, ao mesmo tempo, nos estava prestes a ensinar: o caminho da salvação! À pergunta «Senhor, são poucos os que se salvam?», feita por aquele homem que se encontrava no caminho, Jesus responde indicando as condições necessárias para conquistar essa mesma salvação. São elas:
1 - O reconhecimento de que necessitamos de ser salvos! A pergunta feita por aquele “alguém” mostra-nos a todos nós que existe uma necessidade de ser salvos. Mas salvos do quê? Salvos do pecado, da morte e do mal, pelos quais somos dominados neste mundo.
2 - A necessidade de esforço para ganhar a salvação. Entrar pela porta estreita significa o empenho que devemos ter para vencer o mal que nos rodeia. A exigência de tomar decisões que nos dignificam como homens e nos tornem mais próximos de Deus. A vida cristã exige esforço. Apesar de sabermos que tudo em Deus é dom, nada pode ser malbaratado. Por isso, é necessário, da nossa parte, atitudes que dignifiquem esse dom recebido. Daí a exemplaridade de Jesus que, assumindo o caminho da Cruz, nos diz a medida dessa mesma porta. A medida de Jesus é a medida do amor. É amando os irmãos e dando a vida por eles que se concentra toda a nossa obra de salvação.
3 - Não darmos nada por garantido. A terceira parte do Evangelho faz-nos pensar que não é pela nossa pertença eclesial que temos a salvação garantida. A palavra deste domingo dirige-se especialmente para nós, que nos consideramos de dentro. Nós, que comemos e bebemos com Ele, que ouvimos os Seus ensinamentos e que comungamos o Seu corpo. Nós, que nos achamos garantes de uma salvação só pelo facto de sermos batizados e por cumprir uma série de preceitos. Nós, que achamos que, por sermos padres, sacristães, ministros da comunhão, catequistas, membros de um grupo coral ou de uma irmandade, já somos possuidores de um cantinho no céu. Não! Jesus não reconhece as pessoas pela função nem pelo título que ostentam. Mas, sim, pelo coração! O dono da casa não nos conhece, porque muitas vezes esquecemo-nos que somos meros arrendatários de uma casa que só a Ele pertence. As funções só fazem sentido, não pela pertença, mas pela vivência da espiritualidade que elas carregam. As funções só fazem sentido se as encararmos como uma missão no caminho da salvação.
4 - O projeto de salvação não tem em conta a ordem de chegada. Isto é, não ocupamos uma cadeira e pronto. Não podemos dizer «daqui ninguém me tira!». O mais difícil, neste caminho de salvação, não é chegar ao caminho, mas permanecer nele. Por isso, não nos admiremos se um desses “últimos” nos ultrapassa.
Por fim, Jesus salvaguarda que esta salvação não é exclusiva, mas inclusiva. Aberta a todos, desde o oriente ao ocidente, ao pobre, ao rico, ao novo, ao velho… a todos sem exceção. Só depende de nós, da nossa liberdade, aceitar desafio de uma vida em Deus, libertando-nos daquilo que nos escraviza e que não nos deixa ser felizes neste mundo e que nos impossibilita de aspirar por sonhos de eternidade.