XV Domingo do Tempo Comum
“Vai e faz tu o mesmo”, continua Jesus a dizer-nos a todos. Por isso, interroguemo-nos, cada um no seu íntimo: “ De quem me torno próximo? Quem precisa de mim?” E qual é a minha resposta concreta?
XV Domingo do Tempo Comum
1. Uma pergunta: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?»
É uma pergunta feita por um doutor da lei para experimentar Jesus, isto é, para O apanhar nalguma contradição ou nalguma palavra ou ideia com que pudessem acusá-l’O. Nesta pergunta, já não estamos apenas no âmbito das teorias, mas antes, da acção concreta: “o que hei-de fazer”… Ele conhecia bem o que diziam os Mandamentos e as leis do Senhor. Mas dá a impressão de que isso não lhe basta, antes, procura algo mais para a sua vida. Por isso, faz a pergunta, chamando até Jesus de Mestre.
2. Uma resposta: «Que está escrito na lei? Como lês tu?»
Jesus responde com outra pergunta sobre a lei e a sua leitura, coisa que, naturalmente, o doutor da lei conhecia. Mas faltava-lhe ainda outro passo a dar, no sentido de pôr em prática os mandamentos: “Faz isso e viverás”.
Estas palavras de Jesus respondiam directamente à pergunta inicial e, por isso, bastariam para explicar ao doutor da lei o que ele pretendia. Mas vemos que não é bem assim.
3. E nós? «E quem é o meu próximo?»
Outra pergunta, mas esta para autojustificação. Contudo, para nós, ainda bem que a fez, porque Jesus também deu uma outra resposta muito elucidativa, com a parábola do “Bom Samaritano”.
Afinal, quem é o meu próximo? Nem o sacerdote, nem o levita tinham olhos que vissem, nem coração que se compadecesse de quem precisava urgentemente da sua ajuda: apenas aquele samaritano, supostamente mais longe do cumprimento rigoroso da lei, é capaz de se debruçar sobre estas feridas, e fazer tudo o que podia por aquele homem mal tratado e sofredor. Por isso, Jesus diz pela terceira vez: «Então vai e faz o mesmo». O próximo é aquele que se compadeceu, que usou de misericórdia, que não se ficou em meras teorias ou palavras, mas que foi capaz de sofrer com quem sofre, deitar a mão ao seu irmão necessitado.
“Vai e faz tu o mesmo”, continua Jesus a dizer-nos a todos. Por isso, interroguemo-nos, cada um no seu íntimo: “ De quem me torno próximo? Quem precisa de mim?” E qual é a minha resposta concreta? Penso que não há pobres nem pessoas necessitadas, que isso não é nada comigo, mas com as instituições do Estado ou da Igreja?
Olhemos para Jesus, Ele “que é de condição divina não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo tomando a condição de servo” (Fl 2, 6-7).
E olhemos para S. Vicente de Paulo, que entregou toda a sua vida ao serviço dos pobres. Dizia ele: “A nossa atitude para com os pobres não se deve regular pela sua aparência externa, nem sequer pelas suas qualidades interiores. Devemos considerá-los, antes de mais, à luz da fé. O Filho de Deus quis ser pobre e ser representado pelos pobres… Também nós devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar o que Ele fez: cuidar dos pobres, consola-los, socorre-los e recomendá-los”.
Que o Bom samaritano abra o nosso coração a quem precisa de nós, e que sejamos capazes de ir ao encontro de quem precisa.