XIX Domingo do Tempo Comum
Quem está atento aos sinais dos tempos e às necessidades do próximo, está preparado para acolher o Senhor, não só no fim dos tempos, mas também na Igreja deste tempo e neste mundo em guerra com os homens e com Deus.
XIX Domingo do Tempo Comum
POVO DE DEUS
1. Pequeno resto. É um dado bíblico, revelado pelos profetas: perante ameaças e destruição, Deus prometia salvar um “pequeno resto” de Israel. O povo de Deus fiel ficaria reduzido a um pequeno número de judeus, fiéis à Aliança e à Tora, que tinha a proteção de Deus. Jesus falaria mais tarde no grão de mostarda que, sendo muito pequeno, produz um grande arbusto. O mesmo se diga do fermento: um punhado de massa que leveda toda a farinha amassada. Ainda a comparação do sal: um punhadito de sal tempera todo o conteúdo da panela.
Esta reflexão é importante e muito atual. Com a pandemia e não só, muitos cristãos afastaram-se; há menos batizados e casamentos católicos; as igrejas esvaziaram-se bastante nas celebrações litúrgicas. Somos poucos, somos o “pequeno resto”; perdemos efetivos nas nossas fileiras eclesiais. Somos (pretendemos ser), no entanto, a parcela fiel do Deus de Israel e do Deus de Jesus Cristo: somos o povo do Senhor, a Igreja de Cristo. O apóstolo e evangelista João viveu situações idênticas na Igreja nascente e dizia: muitos abandonaram-nos; estavam entre nós mas não eram dos nossos porque, se fossem, não nos teriam deixado.
É reconfortante e animador pensar nesta teologia do “pequeno resto de Israel” ou “pequena grei” como nos diz Jesus. É imperativo ter esta consciência, nos tempos eclesiais que atravessamos: somos “poucos”, mas cada um seja como tem de ser e o que deve ser.
2. Vigilância. Jesus insiste muito nisto. Não devemos ser apanhados de surpresa e desprevenidos, pelo inimigo mas vigilantes como o servo que espera o seu senhor. Jesus lembra uma prática popular: cingir os rins. É muito frequente, nos nossos tempos, ver pessoas a fazer caminhada com uma camisola ou casaco, atados à cintura. Cingir os rins é desembaraçar-se e facilitar o andamento ou o serviço que urge fazer. S. Bento deixou escrito na sua Regra este pensamento: cingir os rins com a fé e a prática das boas obras.
Quem está atento aos sinais dos tempos e às necessidades do próximo, está preparado para acolher o Senhor, não só no fim dos tempos, mas também na Igreja deste tempo e neste mundo em guerra com os homens e com Deus. O Senhor bate à porta com tantos e tantos refugiados à busca de refúgio, a braços com a pobreza ou com a pandemia mundial Covid 19.
3. Tesouro. O povo de Deus é convidado a possuir um tesouro que não se estrague nem seja roubado. Temos uma riqueza, fruto de tesouro herdado e adquirido. Hoje em dia, na sociedade e na Igreja, há muita preocupação em Fazer, Saber e Ter: menos em Ser. Jesus põe as coisas claras à sua Igreja: riqueza de coração, felicidade no ser. Vida de fé (segunda leitura) que não pare na materialidade. É bom sentirmo-nos livres das coisas e dos bens: possuindo como se não possuíssemos, assegurando um tesouro no Céu, dom de Deus e fruto das nossas boas obras.
Concluindo: Sendo “poucos” e estando vigilantes, temos o grande tesouro que é Jesus Cristo, cabeça do corpo que é a Igreja.