XIV Domingo do Tempo Comum
No meio das várias indicações que o Mestre Jesus dá aos 72 discípulos para que cumpram dignamente a sua missão surge a primeira mensagem que devem dirigir a quem encontrarem pelo caminho: “paz a esta casa” (Lc 10,5).
XIV Domingo do Tempo Comum
São vários os contextos e situações de que nos falam as várias leituras deste domingo, mas todas elas têm algo em comum: «a paz».
A primeira leitura apresenta-nos uma mensagem de alegria e esperança dirigida por um profeta que vê e experimenta o sofrimento atroz do povo ao qual pertence que regressa do exílio da Babilónia. Ao chegar à sua casa/pátria, a Jerusalém, encontra um cenário de grande destruição e dá conta que muitas das suas terras que outrora lhes pertenciam foram ocupadas por outros… A reconstrução de Jerusalém, da pátria e das suas casas será lenta e constantemente ameaçada pela guerra e pela fome. É neste contexto que o profeta anuncia a Boa notícia de Deus: “farei correr para Jerusalém a paz como um rio”… (Is 66,12) Num contexto de guerra, destruição e sofrimento, Deus anuncia a razão de maior alegria para o seu povo, a paz.
Por sua vez, a segunda leitura deste domingo é a conclusão da carta de São Paulo à comunidade cristã da Galácia. Ao lermos esta carta, damos facilmente conta que se trata de uma comunidade dividida e conflituosa, chegando ao ponto de colocar a autoridade do apóstolo Paulo em causa. Mais uma vez, num contexto diferente, a violência e a divisão voltam a afligir o povo de Deus, neste caso, a comunidade cristã. E, agora, pela boca do apóstolo Paulo deseja-se o mesmo: “Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma…” (Gl 6,16). Qual é a norma que propõe São Paulo? A «nova criatura» que nasce da fé em Jesus Cristo crucificado! O que caracteriza o cristão não é nenhum sinal exterior (como a circuncisão), mas a semelhança com o Mestre que deu a sua vida por amor e escolheu o caminho da paz e da misericórdia. É este caminho que deve trilhar cada cristão e cada comunidade cristã.
E chegamos ao Evangelho, que nos fala do envio dos 72 discípulos por parte de Jesus e descreve a missão que lhes é confiada. Ao contrário das leituras anteriores, não encontramos nenhum cenário de guerra ou de conflito, mas a mensagem de paz continua a estar presente. No meio das várias indicações que o Mestre Jesus dá aos 72 discípulos para que cumpram dignamente a sua missão surge a primeira mensagem que devem dirigir a quem encontrarem pelo caminho: “paz a esta casa” (Lc 10,5). Jesus diz aos discípulos e a cada um de nós (também somos seus discípulos) que no momento oportuno de falar sobre Ele a alguém devem «anunciar a paz». Este é, nada mais nada menos, o anúncio que o próprio Jesus faz depois da ressurreição quando aparece aos seus discípulos: «a paz esteja convosco» e que nós repetimos em cada celebração da Eucaristia. Este é o anúncio que dá conforto e suscita a admiração, a esperança e a alegria cristãs.
São muitas as formas de violência e de guerra espalhadas pelo nosso mundo, a começar pela guerra de que todos falamos desde fevereiro passado e que envolve a Rússia e a Ucrânia. Por esta razão, a mensagem da palavra de Deus mantém-se profundamente atual quando nos convida constantemente a pedir e a desejar a paz, a anunciar a paz, seja em situações de guerra, de conflito ou noutra circunstância qualquer.
Que o Senhor da Paz e da Misericórdia nos ajude a construir sempre a paz, pois ela é a primeira mensagem do nosso mestre depois da ressurreição e é a primeira mensagem que os seus enviados/discípulos devem transmitir a quem encontram ao longo do caminho da vida. A missão de cada cristão é, por isso e em primeiro lugar, uma missão de paz. O cristão é um construtor da paz!