XIII Domingo do Tempo Comum
A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor. Jesus convida os seus discípulos a segui-lo com uma confiança sem reservas.
XIII Domingo do Tempo Comum
As leituras deste domingo ressaltam o tema da vocação, com as suas exigências. A primeira leitura apresenta a vocação profética de Eliseu. Fica bem clara, desde logo, a mudança a que obriga a resposta ao chamamento. O Evangelho mostra Jesus a caminhar para Jerusalém, onde deve morrer e ressuscitar, cumprindo, assim, a sua missão salvadora. Ao longo desse caminho, Jesus vai mostrando aos discípulos os valores do Reino de Deus. Todo este percurso converge para a cruz. Os discípulos também são exortados a seguir este “caminho” para se identificarem plenamente com Jesus.
Se Jesus parece exigente para com aqueles que O querem seguir, é porque Ele mesmo é exigente quanto à sua própria caminhada. Ao longo do seu caminho até Jerusalém, Jesus encontra algumas pessoas, provavelmente jovens, que prometem segui-lo onde quer que ele vá. Mas Jesus alerta: “O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” A outro, é o próprio Jesus que lhe diz: “Segue-me!”, pedindo-lhe um desapego total dos vínculos familiares.
Essas exigências podem parecer demasiado severas, mas na realidade expressam a novidade e a prioridade absoluta do Reino de Deus, que se torna presente na própria pessoa de Jesus Cristo. Em última análise, trata-se daquela radicalidade que é devida ao amor de Deus, ao qual Jesus é o primeiro a obedecer. Isto deve levar-nos a reagir contra a tentação de um cristianismo medíocre, fácil, preguiçoso, feito à medida das próprias comodidades e interesses.
Jesus chamou muitos para que o seguissem. Pensemos em Pedro e nos outros apóstolos. Pensemos em Paulo, Agostinho, Francisco de Assis, Vicente de Paulo e tantos outros que, ao longo da história da Igreja responderam ao apelo de Jesus: “segue-me!” A vocação cristã deriva de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor. Jesus convida os seus discípulos a segui-lo com uma confiança sem reservas. Os santos acolheram este convite exigente e, com humilde docilidade, começaram a seguir Cristo crucificado e ressuscitado.
São muitos aqueles que deix(ar)am a família de origem, os estudos, o trabalho, os seus bens, para se consagrar a Deus, como resposta radical à vocação divina. Para seguir Jesus Cristo é preciso estar livre de todas as amarras, pois quem olha para trás, não está apto para o Reino de Deus. Só vivemos a verdadeira liberdade se sairmos de nós mesmos, num desapego que nos coloque a caminho com o Senhor para cumprirmos a sua vontade.
A exemplo de muitos discípulos de Cristo, possamos também nós acolher, com alegria, o convite para seguir Jesus. Pelo batismo, Ele chama cada um a segui-lo com ações concretas, a amá-lo sobre todas as coisas e a servi-lo nos irmãos.
Todos nos recordamos do encontro de Jesus com o jovem rico… Infelizmente, não acolheu o convite de Jesus e retirou-se pesaroso. Não encontrara coragem para se desapegar dos bens materiais a fim de possuir o bem maior proposto por Jesus. Jesus nunca se cansa de estender o seu olhar de amor sobre nós, chamando-nos a ser seus discípulos; a alguns, porém, Ele propõe uma opção mais radical. Que possamos estar sempre disponíveis para acolher, com generosidade e entusiasmo, este sinal de predileção especial. Ele sabe dar a alegria profunda a quem responde com coragem.
Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-lo intimamente, a escutá-lo na Palavra e a encontrá-lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a nossa própria vontade à dele. Deus serve-se de nós, segundo o seu plano de amor, para sermos bons colaboradores na obra do Reino. Sejamos atraídos pelos exemplos luminosos dos Santos que souberam dar ao mundo o testemunho do Senhor. São eles os protagonistas do amor e do bem, exemplos vivos de esperança e testemunhas de um amor que nada teme, nem sequer a morte.