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Lições bíblicas

VI Domingo do Tempo Comum

A pessoa humana tem fome de alegria e felicidade. Nesta nossa sociedade muitas são as pessoas e grupos que nos dão receitas e programas para a encontrar. Nós, cristãos, é na Palavra de Deus que devemos encontrar o alicerce da verdadeira felicidade.

VI Domingo do Tempo Comum

Quem de nós não deseja ser feliz? Quem não procura, por todos os meios, a felicidade? Ela é um desejo que Deus colocou no coração do Homem. Porém, cada um a exprime à sua maneira, e as propostas são muitas: uns colocam-nas no ter ou abundância da riqueza; outros no poder ou domínio sobre os outros; outros no saber ou na técnica; outros procuram-na nas redes sociais; há quem a ponha no prestígio social; no viver só para si; na fuga aos problemas, refugiando-se no ruído e na agitação… Apesar de tudo isto, quem não conhece pessoas tristes e infelizes? A pessoa humana tem fome de alegria e felicidade. Nesta nossa sociedade muitas são as pessoas e grupos que nos dão receitas e programas para a encontrar. Nós, cristãos, é na Palavra de Deus que devemos encontrar o alicerce da verdadeira felicidade.

O profeta Jeremias apresenta dois caminhos, bem como duas atitudes fundamentais em relação à vida e à felicidade. Há quem construa a sua vida sobre si mesmo e sobre os recursos humanos, descartando Deus como desnecessário. Para isso procuram acumular recursos materiais para garantir o futuro. O segundo tipo de pessoas coloca a sua confiança em Deus e não em si mesmas. Essa confiança fundamental em Deus, autor da vida, é o fundamento da felicidade e de uma vida fecunda. Assim, confiar em Deus traz a bênção, confiar em si mesmo traz a maldição. Confiar em Deus traz felicidade, confiar nos homens traz tristeza. Tal como diz o salmo responsorial, feliz do homem que põe a sua esperança no Senhor.

Também Jesus apresentou a sua proposta da felicidade, a única verdadeiramente capaz de tornar o homem feliz, aquela que acabamos de escutar no Evangelho. O “sermão da planície, bem contrário à mentalidade deste tempo, aparece como um desafio. O impressionante é que Jesus propõe um caminho de felicidade que claramente vai contra corrente. Em vez de proclamar uma Boa Nova, parece proclamar uma notícia má: a inversão dos valores. Jesus chama felizes aqueles que são considerados infelizes e infelizes aqueles que todos acreditam ser afortunados! Ao ouvir estas palavras da boca de Jesus, é inevitável que nos perguntemos: como podem a pobreza, o choro, o insulto, a rejeição ser fonte de felicidade? E, por outro lado: é tão mau ser rico, rir, estar satisfeito, gozar de boa reputação? Não veio Jesus curar o sofrimento humano?

Estas bem-aventuranças são a proclamação de um mundo e de um Reino onde só podem entrar os que têm alma de pobre. Assim, para Jesus, serão felizes os que estão convencidos que precisam de se converter, os que apostam totalmente em Deus e não se apoiam em si próprios, os que escutam e acolhem a Palavra de Deus e se deixam modificar por Ela, os que são incapazes de se sentirem felizes sozinhos e se deixam perturbar pelas desgraças dos outros. Serão felizes, à maneira de Jesus, os que O buscam pelos caminhos da justiça, da verdade e do bem.

Essa nova forma de ver a vida e as coisas é consequência da presença do Reino de Deus no mundo, e que Jesus inaugura na Sinagoga de Nazaré quando apresenta a sua missão. Jesus ensina-nos como devemos viver para alcançar a felicidade e transformar o nosso mundo. Devemos passar da mística à ética, conscientes de que esta se deve basear na experiência do encontro com Jesus ressuscitado, seja na nossa vida pessoal, familiar ou comunitária.

As bem-aventuranças são antes de mais o verdadeiro retrato de Jesus, e de todos aqueles que querem ser seus discípulos. Devem ser, como referiu o Papa Francisco, “o bilhete de identidade do cristão”, como o foram do próprio Jesus. Seguimos as bem-aventuranças como caminho para a felicidade, porque é o mesmo que Jesus percorreu e o levou à meta, à ressurreição, à comunhão com Deus. Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus convida-nos a segui-Lo, a percorrer com Ele o caminho do amor, o único que conduz à vida eterna.
Saibamos acolher este GPS da felicidade que Jesus nos propõe e, com a nossa vida digna, sejamos um modelo para os outros.

Pe. Álvaro Cunha, CM
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