Sexta-feira Santa
Hoje o mundo contempla Jesus que morre suspenso na cruz, uma contemplação que merece que nos prostremos, adoraremos e até beijemos as nossas cruzes. Cumprem-se neste dia a profecia de Zacarias: “Hão-de olhar para aquele que trespassaram.”
Sexta-feira Santa
Hoje, Sexta-Feira Santa, celebramos com muita fé e devoção a memoria da dor, do sofrimento de Jesus Cristo na cruz. Uma celebração que acentua a importância da cruz, uma cruz que merece máximo respeito “adoração”, mas porquê? A cruz a partir deste dia toma outro sentido, hoje a cruz além de sinal de todo o cristão, manifesta a máxima doação de Jesus para a redenção humanidade.
Hoje morre o Senhor, e essa notícia gera tristeza, silêncio e contemplação. Esta notícia recorda-nos todos os momentos difíceis da nossa vida, ela fere as almas, cria angústias e incertezas, ela confirma a nossa humanidade mergulhada no pecado. É notícia que silencia o mundo, convida-nos pensar nos cuidados que prestamos na nossa vida em todas as dimensões.
Hoje o mundo contempla Jesus que morre suspenso na cruz, uma contemplação que merece que nos prostremos, adoraremos e até beijemos as nossas cruzes. Cumprem-se neste dia a profecia de Zacarias: “Hão-de olhar para aquele que trespassaram.”
A paixão de Jesus é um acontecimento central na história da humanidade, uma história que é situada em dois polos: o antes de Cristo e o depois de Cristo. Já lá vão quase dois mil anos, que gerações e gerações escutaram vários episódios e relatos sobre a paixão de Cristo. Algumas inquietações e perguntas nascem e vivem nos corações dos homens:
Quantas vezes nos comovemos com a ternura de homens e mulheres que com lágrimas e dores acompanhavam Jesus na sua Paixão?
Hoje continua presente este sofrimento no meio do povo Líbio, Sírio, Iraquiano, Venezuelano, Vietnamita, na República Centro-Africano, em Cabo-Delgado no norte de Moçambique e na Ucrânia.
Quantas vezes nos indignamos com a traição de Jesus por Judas e a negação de Pedro, e ainda as nossas traições diárias? Quantas vezes usamos o escárnio e gozo com quem sofre? Quantas vezes somos semelhantes a Pilatos lavando as mãos?
Quantas vezes fomos como Simão de Cirene que por alguns momentos ajudou Jesus a levar a Cruz?
O relato da paixão de Jesus que acabamos de escutar mostra-nos a sensibilidade do discípulo predileto, que esteve mais perto e viveu o sofrimento do Mestre. João mostra a sua admiração sobretudo pela maneira como Jesus enfrenta a morte. Jesus não está vencido pelos sofrimentos e a morte, Jesus está consciente que chegara a sua hora, encaminha-se, disposto e livremente e como Senhor dos acontecimentos, a cumprir a ação solene de morrer para salvar a humanidade. João acompanhando o sofrimento do Mestre descobre o mistério do Verbo Encarnado, o verdadeiro Cordeiro de Deus, cujo sacrifício redentor se prolongará, sacramentalmente, na Igreja, presente em Maria nossa Intercessora por excelência, que junto da Cruz e ao lado de João, se associa à geração nova da humanidade.
A Paixão de Jesus, ajuda-nos a renovar os nossos sentimentos, duvidas, enfermidades, indiferenças, friezas, sensações de inutilidade e o abandono de Deus nas nossas vidas. Mas também, encontramos pelo amor incondicional de Jesus o sentido do nosso amor, da nossa compaixão, generosidade e solidariedade parente os mais necessitados. Com Jesus somos capazes de viver o amor de Deus, de doar a nossa vida e de fazer o nosso melhor até ao fim.
Jesus obediente, simples, humilde ensina-nos o valor cristão que vence todas as nossas pretensões ao egoísmo, inveja, calunia e autoritarismo. Aprendemos que Jesus Cristo não é apenas Homem que sente dores, como ouvimos na profecia de Isaías, Ele é Sumo Sacerdote e único Mediador entre Deus e os homens.
Pelo seu sacrifício levou à cruz para a redenção da humanidade e restituiu a confiança do Pai que é sempre misericordioso.
Irmãos somos verdadeiros cristãos porque amamos, aceitamos a cruz, não podemos duvidar de Deus nos momentos de sofrimentos, carregamos as nossas cruzes até ao fim como o Mestre fez. Lembremo-nos, que nos momentos de crise e de tentação está lá a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.