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Lições bíblicas

Quinta-feira Santa

Na verdade, amigos e lavadores de pés são os atributos que Jesus identifica como indispensáveis para os seus Discípulos Missionários e lhes deixa como recomendação e testamento na Última Ceia: «dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».

Quinta-feira Santa

Com a celebração da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, a Igreja reacende a memória da instituição da Eucaristia, do Sacerdócio ministerial e da Caridade e, assim, dá início ao solene Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor (o Tríduo Pascal prolonga-se até à celebração do Domingo da Ressurreição, na Vigília Pascal/batismal). Estas celebrações constituem o ponto mais alto do Ano Litúrgico porque nelas fazemos MEMÓRIA do gesto/acontecimento de onde tudo parte e a meta aonde havemos de chegar.

Neste dia, quinta-feira da Paixão do Senhor, escutámos a mais antiga e intensa memória da Ceia do Senhor com os seus Discípulos: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim» (1 Coríntios 11,23-26).

Na Casa Comum que é esta Terra e na tua igreja paroquial – lugar onde a tua Família Eclesial se reúne habitualmente – e à Mesa da Páscoa do Senhor – és convocado, como Discípulo Missionário a CELEBRAR e FAZER MEMÓRIA do amor declinado segundo as regras da gramática da CARIDADE/SERVIÇO.
Se fosse uma clássica história do faroeste americano, o texto do evangelho deste dia (Jo 13, 1-15), com o revolucionário gesto do lava-pés, era encabeçado pelo garrafal título WANTED (PROCURA-SE): “amigos e lavadores de pés”, como tão magnifica e assertivamente o definiu o Arcebispo de Boston, O’Malley.
Na verdade, amigos e lavadores de pés são os atributos que Jesus identifica como indispensáveis para os seus Discípulos Missionários e lhes deixa como recomendação e testamento na Última Ceia: «dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também». É, pois, também, isso que o Senhor nos convida a celebrar nesta noite santíssima no contexto familiar da nossa comunidade paroquial: a nossa afetiva amizade com Jesus e, sobretudo, a nossa efetiva disponibilidade para o serviço aos irmãos mais desfigurados pelo sofrimento e pobreza, os “nossos mestres e senhores” (S. Vicente de Paulo).

Temos hoje também a graça de ouvir o colorido relato da primeira Páscoa, celebrada pelo Povo hebreu no Egito, conforme o relato do Êxodo 12,1-14. A «Páscoa» quer dizer «passagem» e chama a cena «passageiros». Então, como os antigos «passageiros» aprendamos a passar festivamente para a «nova era» e como os hebreus, no Egito, deixemo-nos guiar pela graça para passar da escravidão para a liberdade: caminho sempre novo, nunca terminado e sempre a recomeçar. Mas não tenhamos ilusões de facilitismos, pois esta «nova era» exige cintura apertada, sandálias nos pés, cajado na mão e, acima de tudo, o lume novo da caridade aceso no coração. Coração como o do Mestre Divino que bate de amor em cada passo dado, em cada gesto esboçado, em cada casa visitada, em cada mesa posta, em cada pedacinho de pão sonhado e partilhado.

É assim que Deus nos dá a graça de caminhar durante todo o Ano Litúrgico, dia após dia, Domingo após Domingo, sempre partindo da Páscoa do Senhor, sempre chegando à Páscoa do Senhor.

Pe. Fernando Soares, CM
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