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Lições bíblicas

IV Domingo de Advento

A Palavra de Deus apresenta-nos outra forma possível de pensar, de valorizar e de nos situarmos perante os factos que preenchem a experiência de cada dia e as aspirações para o futuro.

IV Domingo de Advento

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

Como homens e mulheres do nosso tempo e da nossa cultura, estamos habituados a valorizar os acontecimentos como manifestação dos nossos desejos, da nossa criatividade ou, até, do nosso poder. E, a partir dessa perspetiva, determinamos o que é pequeno ou grande, ou quem são os pequenos e os grandes.

A Palavra de Deus apresenta-nos outra forma possível de pensar, de valorizar e de nos situarmos perante os factos que preenchem a experiência de cada dia e as aspirações para o futuro.

O grande protagonista da história é o próprio Deus. Não criou o mundo e o ser humano para, depois, se colocar à margem. É Ele que toma a iniciativa, que apresenta metas e propõe caminhos. Mas isso supõe a nossa responsabilidade. E desafia-nos a uma simples e produtiva colaboração com Ele. Isso tem as suas consequências no nosso modo de ver a vida e nos situarmos perante ela.

Uma primeira consequência é a valorização do que é pequeno. Belém de Judá é um bom exemplo. O Messias não chegará até nós a partir de uma grande e deslumbrante cidade, mas de uma pequena aldeia. Os olhos daqueles que esperavam algo grandioso só O poderão descobrir se se fixarem no ‘pequeno’, se não desprezarem o que facilmente pode passar despercebido. Deus é assim: onde não há vida, onde não há esperança, onde não há grandeza aos olhos do mundo, ele faz a vida brotar, a esperança surgir, a grandeza aparecer. Não é esta uma das maiores lições do Natal? Um Deus que escolhe o caminho da fraqueza, da pobreza, da humildade, da debilidade?

Outra consequência é o enaltecimento do quotidiano. É o que acontece com Maria, ao chegar a casa de Isabel. Não chega carregada de presentes, mas oferece a sua presença, a sua proximidade e a sua solidariedade. E Isabel enaltece essa atitude de fundo: Maria é feliz porque acreditou.

A fé não é uma experiência que atormente ou nos leve a carregar fardos pesados às costas. Também não é uma ideologia para encobrir as nossas frustrações, ou o ópio que nos faça esquecer os dramas humanos ou as injustiças da história. A melhor história dos crentes é sempre a do compromisso com os mais pequenos da Terra.

Mas Maria não é feliz por qualquer coisa. É feliz porque acredita que aquilo que o Senhor disse se cumprirá.

É assim a nossa fé? Vai mais além da memória de algumas doutrinas ou do cumprimento de alguns preceitos? Leva-nos a valorizar o que é pequeno aos olhos do mundo como grande aos olhos de Deus? Coloca-nos, tal como somos, ao serviço do Reino e dos irmãos? Vivemos a nossa história complexa com a alegria de saber que aquilo que Deus nos promete se cumprirá?

Que Maria nos ajude a criar o recolhimento interior indispensável para viver a profunda alegria que o nascimento do Redentor nos traz.

Pe. Carlos César, CM
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