IV Domingo da Quaresma
Na nossa caminhada para a Páscoa, as leituras deste quarto domingo da Quaresma – também conhecido por Domingo Laetare - acentuam a ideia do regresso, sempre acompanhado pela conversão, que consiste na renovação do coração para viver a fé com mais entusiasmo e alegria.
IV Domingo da Quaresma
Na nossa caminhada para a Páscoa, as leituras deste quarto domingo da Quaresma – também conhecido por Domingo Laetare - acentuam a ideia do regresso, sempre acompanhado pela conversão, que consiste na renovação do coração para viver a fé com mais entusiasmo e alegria.
Depois de um longo e cansativo caminho pelo deserto, desde a dura escravidão no Egito, o ‘povo escolhido’ chega à porta da terra prometida para dar início a uma nova história. Isso mesmo nos apresenta a primeira leitura.
A parábola do Evangelho leva-nos a meditar no regresso de cada um de nós à casa paterna. Convida-nos ao perdão e à reconciliação, para que a Páscoa signifique uma autêntica transformação da vida. Quando olhamos para os evangelhos, no seu todo, percebemos que não é mérito exclusivo de São Lucas apresentar a pregação e a prática da misericórdia de Jesus para com os pobres, os doentes, os pecadores… No entanto, é conhecido como o evangelista da misericórdia. É a ele que devemos relatos como o da cura dos dez leprosos, a refeição em casa de Zaqueu, o diálogo com o ladrão arrependido, e também as parábolas de ímpar beleza: bom samaritano, fariseu e publicano ou as três que compõem o capítulo 15 do seu evangelho (ovelha perdida, dracma perdida e filho ‘perdido’). É esta última que a liturgia deste domingo nos apresenta. Descreve o ‘desamor’ vivido por aqueles dois filhos: um que sai de casa e outro que não quer nada com quem regressa a casa.
Na atitude do pai encontramos a vontade do Deus-Amor: deseja o regresso do filho e alegra-se com a reconciliação, levando-o a festejar com um grande banquete. A mesma misericórdia leva-o, também, a sair ao encontro do filho mais velho, apesar de este se considerar superior ao irmão pelo facto de se julgar mais cumpridor da vontade do pai.
O que sobressai, nesta parábola, é o grande dom de Deus, sempre disposto a perdoar. Por isso, mais do que falar em parábola do ‘filho pródigo’, precisamos de falar em parábola do ‘Pai misericordioso’.
Jesus não dirige a parábola aos pecadores para que se arrependam, mas aos fariseus, para que mudem a ideia que têm de Deus. O centro da parábola não é o filho, mas o pai. O milagre consiste na misericórdia do pai que perdoa e que acolhe, de novo, o seu filho como se nada tivesse acontecido.
O facto extraordinário, nesta parábola, é que a misericórdia de Deus é tão grande que anula o pecado do homem. O pecado é, e será sempre, uma negação do amor. É um (querer) fugir de Deus para agir apenas por conta própria.
Ao falar do filho pródigo, facilmente nos identificamos com ele. A sua vida, com todos os desvios, levou-o a refletir e a mudar de rumo. Todos teremos muito a corrigir. Também nós desejamos que essa mudança se concretize na nossa vida.
É possível que, às vezes, não consigamos entender, na realidade da vida familiar, o perdão que concedem tantos pais aos seus filhos pródigos. Ou que sejam tão queridos e amados como os ‘bons de casa’.
Quase sem nos darmos conta, dificilmente nos identificamos com o irmão mais velho. A parábola não esclarece se esse filho (ou irmão) participou na festa organizada para acolher o mais novo, arrependido e recuperado. Mas podemos intuir que, enquanto os dois irmãos não se encontram na casa paterna, o banquete não terá condições para acontecer.
O evangelho de hoje convida-nos, por isso, a romper com as nossas atitudes que se opõem ao amor, desafiando-nos ao arrependimento e à busca da misericórdia de Deus. Só assim poderemos celebrar, com Ele, a festa da alegria e do perdão.