III Domingo da Quaresma
A grande revelação de Deus foi-nos dada por seu Filho, Jesus Cristo. Deus é Pai, como quando Jesus ensina a rezar: Pai Nosso… E o Evangelho mostra-nos que Deus não é o autor do mal e das desgraças, mas são-no os nossos pecados, as nossas atitudes e decisões que O rejeitam.
III Domingo da Quaresma
1. «Eu sou Aquele que sou»: Um Deus que sofre com o seu povo.
Quem é o nosso Deus? “Olha que Deus castiga-te” era, por vezes a ameaça final quando já não funcionavam todas as outras alternativas mais benignas. Um Deus castigador que convence pelo medo que inspira, sempre pronto a levar-nos para o inferno. Muitos foram educados nesta relação com Deus.
Esta era, muitas vezes, a ideia de Deus do Antigo Testamento: as desgraças, catástrofes, sofrimentos ou doenças eram consideradas fruto do pecado, que Deus castigava, como forma de levar o pecador a mudar de vida. Mas Deus vai-se revelando, também, a pouco e pouco, de uma outra forma: um Deus próximo, que sofre com os que sofrem, que vê as situações difíceis, que escuta o clamor do seu povo, que conhece as suas angústias e dores, que não se limita a ficar de longe a olhar os acontecimentos. É isto o que Deus diz a Moisés, e que escutámos na primeira Leitura deste Domingo. Por isso, Ele decide libertar o seu povo e revelar-lhe o seu nome: «Eu sou Aquele que sou». Aquela sarça ardente revela o chamamento de Moisés e o seu envio para ser instrumento de Deus para libertar o povo da escravidão do Egipto.
Foi dura a prova, foi difícil a saída, foi decisiva a travessia do Mar Vermelho, foi longa a caminhada através do deserto. Mas Deus acompanhou-o sempre: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egipto, da casa da escravidão» (Dt 5, 6-7).
2. «Julgais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros?».
A grande revelação de Deus foi-nos dada por seu Filho, Jesus Cristo. Deus é Pai, como quando Jesus ensina a rezar: Pai Nosso… E o Evangelho mostra-nos que Deus não é o autor do mal e das desgraças, mas são-no os nossos pecados, as nossas atitudes e decisões que O rejeitam. Não foi Deus o responsável pela queda da torre ou pelos que foram mortos por Pilatos. Não é Deus o responsável por esta guerra iníqua que a Ucrânia está a sofrer. Ele vem ao nosso encontro, bate à porta do nosso coração, quer entrar, espera pacientemente que nos convertamos a Ele, e que acolhamos o seu Amor manifestado de tantas maneiras. É como o vinhateiro que cuida da figueira, dá sempre uma nova oportunidade.
É essa oportunidade que precisamos de aproveitar nesta Quaresma. Já vamos a mais de meio: Que caminho já percorremos até agora? O que já mudou na nossa vida?
3. A figueira deve dar frutos.
É isto o que Deus espera de nós: frutos, e não meras palavras, por mais fervorosas que sejam. Ele acredita em nós, mesmo com as nossas fragilidades e pecados. Não nos ameaça de morte, pois acredita que nos possamos converter, e que o fruto dessa conversão se exprima numa vida nova, fértil em boas obras. Acredita que, com o “adubo” da sua misericórdia infinita, a Páscoa há-de fazer desabrochar em nós tudo o que de bom possamos ter dentro do coração. Uma boa obra é, por exemplo, participar no Ofertório para a Cáritas que hoje se faz em todas as Dioceses de Portugal. É uma forma de também sermos solidários com os nossos irmãos ucranianos, nestes tempos difíceis de guerra e sofrimento para este povo: para não sermos apenas uma mera figueira a ocupar inutilmente a terra, mas que demos frutos muito saborosos, porque é isso o que Deus espera de nós.