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Lições bíblicas

Domingo VI de Páscoa

Este Domingo prepara já a comunidade cristã para o Pentecostes. Os textos bíblicos anunciam o que será a obra do Espírito Santo. O Evangelho aprofunda o amor e a paz, segundo Jesus. A leitura dos Atos dos Apóstolos, mostra-nos a abertura da Igreja nascente a todas as nações. A segunda leitura aponta para a nova Jerusalém resplandecente de glória.

Domingo VI de Páscoa

Este Domingo prepara já a comunidade cristã para o Pentecostes. Os textos bíblicos anunciam o que será a obra do Espírito Santo. O Evangelho aprofunda o amor e a paz, segundo Jesus. A leitura dos Atos dos Apóstolos, mostra-nos a abertura da Igreja nascente a todas as nações. A segunda leitura aponta para a nova Jerusalém resplandecente de glória.

O Evangelho (Jo 14,23-29) apresenta-se como o testamento de Jesus. É como a despedida de um pai que transmite aos seus filhos as suas últimas vontades antes de morrer. Pede-lhes sobretudo que se entendam bem entre eles. Jesus anuncia aos seus discípulos que se aproxima a hora da sua ausência física. Para eles a vida será diferente, mas não ficarão sozinhos, entregues a si mesmos. Promete-lhes o dom do Espírito Santo. Com ele, começará uma nova missão, que levarão a cabo em nome do próprio Jesus. O Espírito reavivará continuamente no seu coração os ensinamentos de Cristo. Ele os ajudará a traduzi-los num amor efetivo e concreto aos irmãos. Deixa-lhes igualmente a paz, garantia da sua presença junto deles. E dá-lhes a Sua alegria.

Mas, para beneficiar destes dons são necessárias condições. Não é que Deus ponha restrições, pois Ele só quer o que pode tornar-nos felizes. O problema, muitas vezes, está em nós que não estamos sempre disponíveis para acolher e guardar a sua Palavra. E podemos perguntar: temos o coração amplamente aberto para que o Pai e Jesus venham e façam nele a Sua morada? Acontece-nos, às vezes, queixar-nos do silêncio e da ausência de Deus. Será que não é um problema do nosso lado? Na realidade, Ele está bem presente, mas muitas vezes nós estamos longe.

O Evangelho também indica outra condição da nossa parte: “se me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai”. É o próprio Jesus que nos pergunta: amas-me suficientemente para seres invadido pela minha alegria? O Papa Francisco comenta, à sua maneira: “há cristãos que parecem ter uma cara de Quaresma, sem Páscoa!” (EG). A alegria deveria ser sempre a caraterística do cristão.

O Livro dos Atos dos Apóstolos (At 15, 1-2.22-29) mostra-nos que, desde o princípio, houve problemas nas comunidades cristãs. O texto fala de “agitação, discussão intensa”. Numerosos estrangeiros vinham bater à porta destas comunidades. Seria necessário impor-lhes as tradições judaicas? Esta questão, hoje designada de “inculturação”, foi refletida no Concílio de Jerusalém, pelo ano 50. Era necessário decidir se os cristãos podem viver a sua fé dentro da cultura da terra onde nasceram e vivem ou se são obrigados a renunciar aos seus costumes e tradições para adotar a cultura judaica (a lei de Moisés, com as suas ‘obras’ de circuncisão, interdito de certas carnes, etc). E depois de um longo e muito participado discernimento, guiados e iluminados pelo Espírito Santo – “o Espírito Santo e nós” - a decisão final do concílio foi em favor do pluralismo e da liberdade: cada um deve viver a fé segundo a sua própria cultura, o que dará origem a inúmeras e ricas formas de cristianismo ou igrejas locais. E esta perspetiva mantém hoje toda a sua atualidade

Vemos também aqui como as primeiras comunidades cristãs fazem a experiência daquilo que hoje chamamos “sinodalidade”, com a necessidade de caminhar juntos, de tomar juntos as decisões, de estar unidos na ação e no testemunho. Reúnem-se com os Apóstolos sob o olhar de Cristo, iluminados pela Escritura e invocam o Espírito Santo. Em conjunto discutem os problemas, em conjunto decidem e em conjunto se alegram pelo progresso do Evangelho. Este é o caminho que devemos trilhar também nós perante as dificuldades que surgem nas nossas comunidades. Na verdade, a missão da Igreja não é salvar as tradições, mas trabalhar com Cristo para salvar o mundo. Ele entregou o seu Corpo e o seu Sangue por todos para a remissão dos pecados.

É também esta a mensagem da segunda Leitura. A “nova Jerusalém” que nos apresenta é o povo santo de Deus, no meio do qual Cristo Ressuscitado habita como num templo. É um povo aberto aos quatro pontos do horizonte, que nunca perde de vista a perspetiva universal. A última palavra da aventura humana será a entrada na assembleia do Reino à volta de Cristo Ressuscitado. É esta boa nova que o vidente do Apocalipse dirige aos cristãos perseguidos do seu tempo e aos de hoje.

A nossa missão hoje é a de ser mensageiros da paz e da alegria de Cristo; e que isto se veja na nossa vida. Que através das nossas palavras e atos, façamos chegar a misericórdia de Deus. É connosco, com os nossos pobres meios que Ele quer construir uma Igreja mais missionária e mais comprometida ao serviço dos irmãos. “Só o amor nos salvará!” (Pp Francisco).

Ainda no mês de Maio, voltemos o nosso olhar para Maria, nossa Mãe do Céu. Como nas núpcias de Caná, ela continua a dizer-nos: “fazei tudo o que Ele vos disser”. Ela estava com os Apóstolos que se preparavam para receber o Espírito Santo em vista da missão e do testemunho. Está também connosco para nos convidar a acolher os dons de Deus. A sua presença estreita a nossa relação com Cristo e o nosso desejo de O seguir no caminho para a Casa do Pai.

Pe. Luciano Ferreira, CM
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