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Lições bíblicas

Domingo V de Páscoa

Gostamos do essencial, e do essencial que baste para não nos perdermos. É sobre este essencial que o Evangelho deste V Domingo da Páscoa nos fala.

Domingo V de Páscoa

Todos nós gostamos de resumir. Temos muito pouca paciência. Então, nos dias que correm, ainda temos menos paciência para grandes discursos ou para estudos aprofundados. Gostamos do essencial, e do essencial que baste para não nos perdermos. É sobre este essencial que o Evangelho deste V Domingo da Páscoa nos fala.

Se nos pedissem para resumir a mensagem cristã, acredito que 99% dos cristãos responderia que era o Amor. Até aqui todos nós chegamos. Mas, quando é necessário definir este amor… então dificilmente sabemos concretizar, pois talvez concebamos o Amor de Deus à nossa medida!

O Amor de Deus não é um amor qualquer! O Amor de Deus é um Amor concreto e real. Ele definiu-o no Evangelho como imitação das suas obras: “amais-vos uns aos outros como eu vos amei”. E como é que Ele nos amou? Dando a vida por cada um de nós. O preço do Amor foi muito caro. Será que nós estamos dispostos a pagá-lo também? Só dando a vida pelos irmãos é que o amor ganha sentido. Quantas vezes já não o fizemos, sempre que morremos para os nossos gostos e convicções em prol do outro? Hoje, a sociedade chama-lhe aniquilamento; em Deus, chamamos doação e entrega. E é nesta entrega aos outros que a nossa vida ganha um sentido, pois poderemos encontrar Cristo no outro e recuperar a irmandade que nos une. Dietrich Bonhoeffer fala deste amor como um dom precioso e que, infelizmente, ainda não sabemos valorizar. Diz: “a graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.

Infelizmente, como vimos, o nosso problema não está em fazer sínteses, mas, muitas vezes, ao sintetizarmos demais os conceitos que temos, acabam por ser sempre subjetivos. O amor dá para tudo e, no final, acaba não valendo nada e para nada. O amor não é meramente um sentimento piedoso; se assim fosse, ficaríamos pela rama das boas intenções. O amor é dinâmico. O amor faz-se não se diz!

É na dinâmica do fazer que se dá a expansão do amor: “nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros”. O dinamismo do testemunho é a força crucial para que Cristo possa habitar no meio do mundo. Por outras palavras, poderíamos usar o ditado popular para explicar a segunda parte do discurso evangélico: “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”. Passando para o evangelho, diríamos: diz-me o quanto amas e dir-te-ei o quão cristão és.

O Amor, na forma de Jesus, é a única forma de reconhecer um cristão. São Francisco tem uma frase que define, mais uma vez de forma sintética, esta forma de fazer acontecer e de reconhecer o amor de Deus: “ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro. Para pregar a paz, primeiro devemos ter a paz dentro de nós. Pregai o Evangelho em todo tempo. Se necessário, usai palavras”. No fundo, um cristão é uma Bíblia itinerante, capaz de entender que “a medida do Amor é amar sem medida”.
E, se alguma vez nos esquecermos da medida, já sabemos: a medida é sempre Jesus. E, se nos esquecermos das quantidades de medida, estas são sempre excessivas para não dizer ilimitadas.

Pe. João Soares, CM
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