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Lições bíblicas

Domingo III de Páscoa

A visita pascal do anúncio da ressurreição deve ter em conta que “cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus”. A Samaritana é, certamente um bom testemunho. Mas neste dia e neste mês temos também a referência de José e de Maria que nos podem inspirar neste tempo de anúncio pascal.

Domingo III de Páscoa

Estimados irmãos,
No decurso deste Tempo Pascal, rumo às surpresas do Pentecostes, a Visita Pascal do tradicional Compasso, com evidente tonalidade cristológica, no Continente, decorre a par da Visita Pascal do Espírito Santo, com evidente tonalidade pneumatológica, na Ilha da Madeira. Cada terra seu uso, cada roca seu fuso. São os tesouros da religiosidade aos quais devemos estar atentos como oportunidade de evangelização, evitando que o cristianismo, esgotado em festas e procissões, fique reduzido a um simples folclore. O Papa Francisco considera que a piedade popular leva consigo uma força evangelizadora e constitui uma “verdadeira expressão da atividade missionária espontânea do povo de Deus. Trata-se de uma realidade em permanente desenvolvimento cujo protagonista é o Espírito Santo” (EG 122).

É oportuno o esclarecimento da primeira leitura ao afirmar que os Apóstolos são as testemunhas dos factos que envolvem a ressurreição de Jesus. Mas, acresce a este grupo, aquele que os acompanha e inspira: “nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem” (At 5, 32). A Visita Pascal, de casa em casa, leva consigo este ilustre desconhecido sem o qual não é possível assimilar a boa notícia da ressurreição de Jesus. O ardor missionário do anúncio da ressurreição deverá contar com “uma decidida confiança no Espírito Santo, porque ele vem em ajuda da nossa fraqueza e precisamos de o invocar constantemente” (EG 208). Ora, nesta sociedade secularizada, corremos o risco de receber em nossa casa os arautos que desconhecem as razões da esperança que anunciam.

A Leitura do Livro do Apocalipse não se contenta com a visão de realidades mais ou menos etnográficas, policromadas e condimentadas de iguarias da culinária regional, ao som do acordeão e das saloias. É necessário um salto qualitativo que vai além dos usos e costumes: “na visão que tive ouvi a voz de muitos anjos que diziam: digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor (…) Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos” (Ap 5, 12-13). No anúncio da ressurreição do Senhor é necessário, por isso, um outro Amém, um Amém novo, que abrase os corações na Alegria do Evangelho envolvendo a vida inteira pelo encontro com Jesus (EG 1).

Jesus, no evangelho, não se satisfez com apenas uma resposta de Pedro. É necessário mais. Não se manifestou apenas uma vez. Foram necessárias várias manifestações. Não ficou indiferente à pesca que resultou em nada: puxaram as redes até mal as poderem arrastar pela grande abundância de peixes. A fé pede sempre mais, até à plenitude. Em tempo de sinodalidade batismal todos somos chamados a ser discípulos missionários da ressurreição do Senhor: “em todos os batizados, desde o primeiro ao último, atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar” (EG 119). A visita pascal do anúncio da ressurreição deve ter em conta que “cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus”. A Samaritana é, certamente um bom testemunho. Mas neste dia e neste mês temos também a referência de José e de Maria que nos podem inspirar neste tempo de anúncio pascal.

Pe. Mário Ribeiro, CM
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