Domingo de Ramos
Iniciamos com a celebração do domingo de ramos a semana santa. Os cristãos do oriente chamam-lhe «semana grande» e o antigo rito da igreja de Milão chamava-lhe «semana autêntica»
Domingo de Ramos
Iniciamos com a celebração do domingo de ramos a semana santa. Os cristãos do oriente chamam-lhe «semana grande» e o antigo rito da igreja de Milão chamava-lhe «semana autêntica». “Santa”, “grande” ou “autêntica”, todas expressam, cada uma à sua maneira, a importância das celebrações que se avizinham e que contrasta, infelizmente, com a pouca atenção que um grande número de cristãos lhe dedica.
A celebração começa em tons de festa com a bênção dos ramos, a recordar a entrada de Jesus em Jerusalém perante a multidão que o aclama como rei. A forma simples e humilde como entra na cidade (também ela chamada de santa) montado num jumento manifesta a natureza da sua realeza: serviço e entrega aos homens por amor no cumprimento da vontade do Pai.
Mas o clima de festa com que começa esta celebração depressa se esvai, dando lugar à narração da paixão de Jesus (este ano, segundo o evangelho de Lucas) que nos convida a percorrer e a reviver as últimas 24 horas da vida terrena de Jesus, desde as 15h de 5ª feira santa até às 15h de 6ª feira santa.
Neste percurso chamam a atenção as poucas palavras de Jesus. Merece a pena recordá-las e meditar sobre o seu profundo simbolismo, pois em certa medida nos dizem quem é Jesus e qual a sua missão:
- «Tu o dizes» - confirma a sua identidade – Ele é o rei dos judeus;
- «Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos» - num momento de profundo sofrimento, preocupa-se com o sofrimento daquelas mulheres, filhas de Jerusalém;
- «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso». – A promessa do dom da vida eterna;
- «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» - Jesus pede o dom do perdão para os que o condenam à morte, como sinal de amor pelo Homem;
- «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito» - manifesta total união com o Pai no cumprimento da sua vontade até à entrega da própria vida.
São também muito expressivas as várias reações daqueles que assistem ao desfecho da vida de Jesus. Merece igualmente a pena meditarmos sobre elas:
- «Não encontro nada de culpável neste homem». Pilatos reconhece a inocência de Jesus;
- «Mata Esse e solta-nos Barrabás»;
- «Crucifica-O! Crucifica-O!». – Manifesta a crueldade do Homem;
- «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito».
- «Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres com a tua realeza». (bom ladrão)
- «Realmente este homem era justo». (centurião romano, um pagão).
Nas últimas 24h da sua vida, Jesus diz-nos que é rei, que se preocupa com o sofrimento dos outros, que perdoa sem medida, que nos dá a vida eterna e que cumpre a vontade de Deus. Em resposta, encontra violência e injustiça apesar da sua inocência, e, no fim, a fé do bom ladrão e do centurião romano que era pagão. A celebração do domingo de ramos e a liturgia da palavra que nos oferece introduz-nos, assim, na centralidade do mistério da nossa fé. Diante de Jesus que se revela na cruz como o nosso salvador, somos convidados a reafirmar a nossa fé a exemplo do centurião romano. Façamo-lo, concretamente, participando nas celebrações pascais que se avizinham e que esta semana seja realmente para nós uma «semana santa».