Domingo de Páscoa
A luz do Ressuscitado transforme os nossos corações empedernidos; nos ajude a retirar dos nossos corações as pedras da violência, do ódio, da vingança, e com a sua paz, nos ajude a vencer a mentalidade da guerra.
Domingo de Páscoa
CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA! ALELUIA!
Toda a vida do cristão está centrada na ressurreição de Jesus. Hoje ressoa no coração de cada pessoa o anúncio: «Jesus, o crucificado, ressuscitou, como tinha dito. Aleluia». Neste dia sentimos a vitória da vida, da esperança, do bem. Quando o mundo está centrado numa guerra sem qualquer sentido ou justificação, Jesus, na sua ressurreição enche o coração de cada pessoa de amor e de paz. Nós sentimos que não vivemos uma miragem, um sonho, uma poção mágica, mas sentimos que estamos enraizados na certeza da ressurreição, da vida e da esperança; na presença de Cristo ressuscitado em nós, a caminhar connosco.
Este caminho com Cristo, vivido de uma forma muito própria no tempo da Quaresma, com o desejo de “não nos cansarmos de fazer o bem”, ajudou-nos a preparar para a celebração do amor de Deus com a vitória na ressurreição. No meio desta realidade tão complexa, no meio deste turbilhão de sentimentos, no culminar dum tempo quaresmal marcado por uma guerra estúpida, o anúncio da Páscoa encerra o acontecimento que dá a esperança que não decepciona: «Jesus ressuscitou». A luz do ressuscitado é esperança viva para os pobres que esta guerra está a criar, é esperança nos olhos das crianças que entram num autocarro a segurar a mão da mãe, a mão de uma avó e deixam o terror da guerra para trás e, nas famílias que os acolhem, está uma nova esperança para a sua vida marcada por tudo o que deixaram, sentiram e viveram, e, no ressuscitado, encontram o sentido para as suas vidas, nos braços que hoje os acolhem, os braços do Cristo que é despregado da Cruz e os abraça na ressurreição, na confiança, na fé. Olhos que não se deixam vencer pelas dificuldades, mas olham para o futuro com confiança e esperança na paz que o Ressuscitado lhes transmite. Olhos que procuram encontrar em cada cristão, em cada um de nós, sinais concretos de caridade, solidariedade e fraternidade humana, penhor da vitória da vida sobre a morte que celebramos neste dia de Páscoa. A luz do Ressuscitado transforme os nossos corações empedernidos; nos ajude a retirar dos nossos corações as pedras da violência, do ódio, da vingança, e com a sua paz, nos ajude a vencer a mentalidade da guerra.
Toda a mensagem de Páscoa fala-nos dum homem, de carne e osso, com um rosto e um nome «Jesus» que não se cansou de fazer o bem, e, o maior bem, no-lo transmite na dádiva total de Si mesmo, e, de modo particular, na sua ressurreição.
Nós, hoje, não nos cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo. Semeemos sementes de esperança, de paz, de amor, sementes de Deus. Pois, toda a nossa vida é tempo para semear o bem. A Luz do ressuscitado faz com que essas sementes germinem em nós e na nossa caridade, no amor fraterno, no amor de Deus manifestado e testemunhado, “ao amar o mais insignificante dos seres humanos como a um irmão, como se existisse apenas ele no mundo” (FT 193). “Toda a vida de Jesus, a sua forma de tratar os pobres, os seus gestos, a sua coerência, a sua generosidade simples e quotidiana e, finalmente, a sua total dedicação, tudo é precioso e fala à nossa vida pessoal” (EG 265). Por vezes, temos o nosso coração fechado e não conseguimos entender, compreender, os sinais que ele nos dá, e, mantemo-nos na noite escura sem deixarmos que os raios de sol da aurora penetrem no nosso coração. Madalena foi de manhãzinha ao sepulcro, foi no raiar do sol, e, o Sol de Cristo aqueceu o seu coração, não ficou a lamentar-se no sepulcro, mas correu a dar a notícia aos Apóstolos. Os apóstolos correm a confirmar a realidade – Cristo Ressuscitou – “viu e acreditou”.
“O entusiasmo na evangelização funda-se nesta convicção. Temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir. É uma resposta que desce ao mais fundo do ser humano e pode sustentá-lo e elevá-lo. É a verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar. A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito” (EG 265). O amor da doação de Jesus e da sua Ressurreição.
Os Apóstolos veem as marcas do passado, as marcas da morte, as marcas do esmorecimento, “as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte”. Nestas marcas Pedro e João, abrem o coração às escrituras, à mensagem que Jesus lhes tinha procurado transmitir e, acreditam na vida, com entusiasmo e com uma esperança renovada na ressurreição de Jesus. “No meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produz fruto. Num campo arrasado, volta a aparecer a vida, tenaz e invencível” (EG 276).
Os apóstolos acolhem a missão de “pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos”. Somos convidados, nós, hoje, a evangelizar a dar a conhecer a Sua vida no nosso meio, a sua luz no nosso coração. “A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição” (EG 276).
“Demo-nos a Deus para ir por toda a parte levar o Santo Evangelho!” (SVP)