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Lições bíblicas

Domingo da Ascensão do Senhor

Antes de partir para junto do Pai, Jesus ergue as mãos e abençoa-nos. É este gesto, central na solenidade de hoje, que marca o envio no final de cada Eucaristia. Todos os domingos nós somos enviados, como povo, a anunciar o perdão de Deus.

Domingo da Ascensão do Senhor

Parece que num tempo remoto, a Ascensão do Senhor se comemorava no mesmo dia de Pentecostes, mas entre os séculos IV e V passa a celebrar-se no quadragésimo dia de Páscoa, seguindo a primeira leitura da liturgia de hoje dos Atos dos Apóstolos. É por isso que, na primeira leitura da Liturgia da Palavra, se lê sempre este relato, em todos os três ciclos litúrgicos.

Antes de partir para junto do Pai, Jesus ergue as mãos e abençoa-nos. É este gesto, central na solenidade de hoje, que marca o envio no final de cada Eucaristia. Todos os domingos nós somos enviados, como povo, a anunciar o perdão de Deus.

1. JÁ É NOSSA VITÓRIA
A oração coleta de hoje faz-nos participar da Ascensão de Cristo, fazendo uma clara alusão à nossa própria elevação. Os mistérios da fé têm sentido para nós sempre que podemos participar neles desde a nossa condição de filhos redimidos. A oração manifesta o vínculo entre Cristo e a Igreja quando proclama a esperança de que o corpo chegue onde chegou, previamente, a Cabeça.

2. LITURGIA DA PALAVRA
- Atos dos Apóstolos: à vista deles, foi elevado ao céu. Na primeira parte da sua obra, Lucas fala de tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo até ao tempo em que foi elevado ao céu, depois de confiar, em virtude do Espírito Santo, a sua missão aos apóstolos. Depois, foi elevado ao céu.
- Carta aos Efésios: Sentou-o à sua direita no céu. S. Paulo pede para os cristãos de Éfeso que Deus lhes conceda os dons de uma compreensão profunda e de sua revelação, para que conheçam verdadeiramente quem é Ele. Também pede que ilumine o olhar interior do coração para que conheçam a que esperança nos chamou, para que conheçam a imensa grandeza do poder que opera quando ressuscitou a Cristo de entre os mortos e o sento à sua direita no céu.
- Lucas: Enquanto os abençoava, foi elevado ao céu. Jesus disse aos seus discípulos que “o Messias padecerá, ressuscitará ao terceiro dia e em seu nome se proclamará a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disto. (…). E enquanto os abençoava, separou-se deles e foi elevado ao céu”.

Devemos centrar o nosso coração nas maiores dádivas que Deus nos concede: a sua graça e a sua misericórdia. Frequentemente, queremos ser perfeitos à maneira do mundo, ignorando que o grande apelo de Deus é à conversão, nossa e dos irmãos.

Naturalmente, nós queremos consertar o mundo. Mas para entrar no “Concerto da Criação”, há que evitar a tentação de recriar o mundo à nossa maneira e à nossa medida. O Reino de Deus não se faz assim. Há que aceitar o convite a fazer parte da sua orquestra e arriscar a harmonia sinfónica.

Os discípulos queriam saber quando o Senhor instaurará o Reino. Mas a nós cabe-nos colaborar na sua construção, confiadamente, escutando o Espírito, aquele que Jesus prometeu enviar-nos.

Na segunda leitura, São Paulo diz-nos para não nos agitarmos em busca da captura de Deus. Peçamos a graça da sua presença e deixemos que o Senhor se ofereça, a cada um de nós, nos sacramentos, na nossa vida de oração e nas nossas relações com os demais.

3. ELEVAR-NOS ATÉ ÀS REALIDADES DO CÉU
Nesta solenidade, reiteramos o desejo de chegar até às realidades do céu, enquanto ainda vivemos na terra. A oração de hoje situa-nos na realidade terrenal, com um imenso desejo de alcançar os divinos mistérios. A fé faz nascer em nós o desejo de chegar a Deus, lá onde chegou um homem como nós, Jesus Cristo.

E assim voltamos para casa cada dia como os discípulos depois da Ascensão do Senhor: com grande alegria e dando graças a Deus. É esta a vida abençoada que o Senhor nos promete.

4. O DOM DA PAZ
O Senhor diz aos apóstolos, antes de os deixar fisicamente, que é necessário pregar em seu nome a todos os povos, começando por Jerusalém, a conversão e perdão dos pecados. Volta-se a repetir a mensagem do dia de Páscoa: “A paz esteja convosco”. Não se trata de uma paz só para eles, mas uma paz para todos: a conversão e o perdão dos pecados, que são a verdadeira paz de coração e de vida. A mensagem da Ressurreição é a mensagem permanente e atual da Igreja: voltar-nos para Deus, converter o nosso coração, mudar de vida para ser seguidores mais autênticos do Senhor ressuscitado, que dá o dom de sua paz à Igreja para a comunicar ao mundo.

Poderíamos dizer que se os apóstolos começassem a pregar sem o dom do Espírito, teriam feito uma instituição e teriam dito o que Jesus tinha anunciado e feito, mas não teriam transmitido nem o sentido da fé nem o da vida cristã. Teriam ficado num moralismo, num anúncio frio do que fez o Senhor, mas faltar-lhes-ia o calor do Espírito Santo que enche toda a Igreja. Os discípulos são testemunhas, mas precisam da força, da energia, do Espírito que os empurre quando o Jesus já não estiver fisicamente presente.

O evangelista fala-nos da alegria imensa dos discípulos e que davam graças a Deus de maneira continuada.

Que o Espírito de Jesus habite em nossos corações. Que a solenidade de hoje nos faça conhecer o Cristo inteiro, tal como o apresentava Paulo aos cristãos de Éfeso. Que Deus “ilumine os olhos do vosso coração para que compreendais qual é a esperança a que vos chama, qual a riqueza de glória que dá em herança aos santos”.

Pe. Albertino Gonçalves, CM
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