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Que a Justiça e a Paz fluam

Que a justiça e a paz fluam é o tema do Tempo da Criação 2023.
Aceitemos este convite : mergulhemos no rio da justiça e da paz, no abraço de Deus com toda a Sua Criação.

Que a Justiça e a Paz fluam
Adelaide Thetónio
19 de julho de 2023

Que a justiça e a paz fluam, é o tema do Tempo da Criação, que decorre anualmente de 1 de setembro – Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação – até 4 de outubro, solenidade de S. Francisco de Assis.

Este tema é inspirado nas palavras do profeta Amós : “Mas antes, que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como torrente que não seca” (Am. 5, 24).

Somos assim todos convidados a juntar-nos ao rio da justiça e da paz no abraço de Deus com toda a Sua Criação.

Na sua Mensagem para a Celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação(1), o Papa Francisco recorda-nos que “Quando buscarmos antes de tudo o Reino dos Céus (cf. Mt 6, 33), mantendo uma justa relação para com Deus, a humanidade e a natureza, então a justiça e a paz poderão jorrar como torrente inexaurível de água pura, vivificando a humanidade e todas as criaturas. “

O recente Relatório-Síntese do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC, Março de 2023) (2) confirma os dados anteriores: para o aquecimento do planeta se manter dentro do limite de 1,5°C, as emissões globais de gases com efeito de estufa precisam de ser reduzidas em pelo menos 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019, e em pelo menos 60% até 2035. Quanto mais tempo for necessário até que as emissões globais recuem, maiores serão as necessidades de reduções posteriores.

Torna-se portanto cada vez mais urgente agirmos, tanto a nível individual como colectivamente.
Cada um de nós pode e deve contribuir para esse grande rio de justiça e paz : cada gota de água fará a diferença.

Na Mensagem para o próximo dia 1 de setembro (1), o Papa Francisco aponta-nos três caminhos de conversão, de transformação : dos nossos corações, dos nossos estilos de vida e das políticas públicas que regem as nossas sociedades.

1. Transformar os nossos corações, renovando sem cessar a nossa relação com Deus, com os outros, com toda a natureza e com nós próprios – é a verdadeira conversão ecológica que alimenta a paixão pelo cuidado do mundo. (LS 216/221)
Para essa conversão ecológica integral, não esqueçamos a contemplação.
A contemplação é “o melhor antídoto” contra a doença de não cuidar da Casa Comum(3), porque ao contemplar verdadeiramente, olhamos para a Terra, para a Criação, como dom, e não como algo a ser explorado com fins lucrativos.

2. Transformar os nossos estilos de vida regressando à simplicidade, adoptando um antigo ensinamento presente na Bíblia e em diversas tradições religiosas : “quanto menos, tanto mais”. (LS 203/208; 222/227)
Infelizmente, temos constatado como a violência e a destruição são consequências da obsessão por um estilo de vida consumista.
Intimamente relacionado com o consumo está o desperdício. E, quando falamos em desperdício, é sem dúvida o desperdício alimentar aquele que mais nos choca.
Em Portugal, desperdiçamos 1,8 milhões de toneladas por ano, ou seja, em média, 183kg por pessoa. (4)

3. Transformar as políticas públicas que regem as nossas sociedades
“Se a política não é capaz de romper uma lógica perversa e se perde também em discursos inconsistentes, continuaremos sem enfrentar os grandes problemas da humanidade. Uma estratégia de mudança real exige repensar a totalidade dos processos, pois não basta incluir considerações ecológicas superficiais enquanto não se puser em discussão a lógica subjacente à cultura actual”. (LS 197).
E a propósito de “justiça”, tem sido repetido que os países que menos têm contribuído para as alterações climáticas são os mais vulneráveis.

A Associação Zero, no seu comunicado relativo ao Relatório do IPCC acima referido, salienta que “A ciência diz que temos de agir rapidamente e que o objetivo ainda pode ser alcançado. É uma questão de vontade política fazê-lo, e não de barreiras tecnológicas ou financeiras“, (…) sublinhando que “os próximos sete anos são essenciais para decidir o nosso destino“. E refere ainda que a diferença entre 1,5 e 2 graus não é de 0,5, mas sim na gravidade dos impactos que “seriam duas vezes piores ou mais para muito riscos”. Nomeadamente : acesso à água potável, perda de biodiversidade, aumento da pobreza e imigração. (5)

Este ano, o encerramento do Tempo da Criação, a 4 de Outubro - festa de S. Francisco – coincidirá com a abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade.
E o Papa Francisco lembra-nos que : Como um rio é fonte de vida para o ambiente que o rodeia, assim a nossa Igreja sinodal deve ser fonte de vida para a casa comum e quantos nela habitam. E como um rio dá vida a todo o tipo de espécies animal e vegetal, assim uma Igreja sinodal deve dar vida semeando justiça e paz em cada lugar que atinge. (1)

Os membros da REDE Cuidar da Casa Comum estão a organizar diversas propostas para o próximo Tempo ecuménico da Criação, que serão divulgados no site https://casacomum.pt/, na página do facebook e no instagram.

No site https://seasonofcreation.org/pt/ são partilhados vários recursos para o próximo Tempo da Criação, nomeadamente o Guia de Celebração (6) deste ano.

“Caminhemos cantando; que as nossas lutas a a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança”. (LS 244)

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