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Mulher com a Bíblia

REFLEXÃO DOMINICAL

DOMINGO DE PENTECOSTES

Este Pentecostes abre portas... 

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ÁLVARO

CUNHA

Padre Vicentino

Neste fim se semana celebramos a solenidade do Pentecostes e com ela se encerra o tempo pascal. Mas este ano é quase o seu começo… pois tivemos (temos) um vírus imprevisto e silencioso que veio alterar completamente a nossa vida! Fomos obrigados a um confinamento social, à alteração dos ritmos laborais, escolares, sanitários… ao distanciamento físico, e até ao fecho de igrejas com cancelamento de todas as celebrações e atividades pastorais. Experiência inédita, esta a da ausência comunitária no tempo forte da vivência da fé, Quaresma e Páscoa 

 

E podíamos dizer que este é o dia ideal para acontecer a reabertura das igrejas para o retomar das celebrações comunitárias, embora este reencontro seja cheio de cuidados e normas a cumprir, por indicação das autoridades da saúde e da Igreja. Também na manhã de Pentecostes aquela primeira comunidade abriu de forma nova e renovada! Também os discípulos viviam num contexto de debilidade e de medo.

Apesar de estarem com as portas fechadas, Jesus entrou e “soprou sobre eles, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”, e encheu de vida a casa onde os discípulos estavam reunidos. Ao longo da sua vida terrena, Jesus prometera aos seus discípulos enviar-lhes o paráclito, o defensor, como auxílio para a missão que lhes seria confiada. E desta forma, Jesus realiza a sua promessa e eles começam logo a anunciar. Aquela que era uma comunidade fechada e assustada converte-se em comunidade “em saída”, apostólica, missionária. 

 

Na Festa de Pentecostes reconhecemos a natureza missionária e peregrina da Igreja para que a Boa Nova do Evangelho seja proclamada! Por isso, encontramos aqui o início da diversidade dos carismas para o crescimento da comunidade, da humanidade, como nos diz S. Paulo. É o Espírito Santo quem fortalece a nossa caminhada de cristãos, pois dá os dons necessários para que O testemunhemos, cada um dentro da sua realidade e vocação, missão que recebemos no dia nosso batismo.

 

Quando os Apóstolos receberam o Espírito Santo, realizou-se neles uma mudança tão profunda que depois daquele dia nunca mais foram os mesmos: do isolamento, do medo, passaram a anunciar com decisão e firmeza que Jesus estava vivo. Que força a do Espírito, que os torna capazes de seguir o Senhor até darem a própria vida! 

 

O Espírito Santo é o mesmo de sempre e quer continuar a agir hoje na sua Igreja. Esta nova normalidade, provocada pelo COVID19, até na vivência da fé implica que, abertos ao Espírito, nos deixemos transformar pelas suas interpelações, que certamente passam hoje por uma mudança de pensamento, de sensibilidade, de expectativa, de paradigma... Isto exige que todos nós, neste “novo” Pentecostes, reavaliemos a maneira de ser e estar em comunidade, os esquemas e planos pastorais para que possa entrar um vento novo, que a todos renove, para sermos sinais da alegria do evangelho, como pede o Papa Francisco.

 

Gostaria de terminar com este poema/oração do Cardeal D. Tolentino Mendonça. 

Pentecostes

Espírito Santo, sopro de nova criação,
Tu renovas o nosso tempo interior.
Enxugas os turbilhões dos nossos medos.
Agitas o pessimismo em que aprisionamos a vida.
Iluminas o profundo, mostrando tanto bem que ignoramos.
Incitas nossas mãos para o dom de si.
Entusiasmas os crentes
para que se revelem como filhos de Deus.
Preparas a reconciliação
como o vinhateiro prepara a sua vinha.
Seguras, firme, o fio da esperança
do qual tudo se suspende.
Alegras, em todos os quadrantes,
aqueles que vislumbram a tua dança.
Decifras a prece que o nosso silêncio te murmura.

(José Tolentino Mendonça, In Um Deus que dança, ed. Secretariado Nacional do Apostolado da Oração)
 

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