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O FIM DE UM ÍCONE NO VALE DE POMBEIRO E RIBAVIZELA

Horário Gomes

25 de Julho de 2020

Na noite de 25 de Julho, um incêndio devorou o Seminário de Santa Teresinha e reduziu-o a um esqueleto de granito. Desativado em 1988 e posteriormente vendido, assistiu-se ao fim de um dos ícones do Vale de Pombeiro e Ribavizela (Felgueiras).

O Seminário de Santa Teresinha do Menino Jesus de Pombeiro, em Felgueiras, foi relevante na sua dimensão eclesial, humana e social. O Vale de Pombeiro de Ribavizela perdeu um ícone importante da sua história, na noite do dia 25 de Julho. O incêndio que devorou o Seminário e o reduziu a um esqueleto de granito, empobreceu o património de Pombeiro. O Seminário de Santa Teresinha dialogava no Vale com o Mosteiro de Pombeiro. Avistavam-se mutuamente. A reforma dos estudos eclesiásticas após o Concílio Vaticano II (1962-1965) abriu os Seminários aos Cursos Universitários de Filosofia e Teologia. O Seminário Maior de Santa Teresinha passou, então, por várias experiências de formação. A sua função essencial chegou ao fim. Foi desativado em 1988. O edifício acabou por ser vendido a um particular. Passaram trinta e dois anos sobre a sua venda e nada de novo, ali, se fez ou valorizou. Apenas se degradou. A Quinta é que está bem rentabilizada.
O Seminário de Santa Teresinha foi escola de formação e de promoção humana e intelectual para muita juventude de Pombeiro e de fora. Os ex-alunos disso se vangloriam. O Seminário do Burgo, como era localmente conhecido, abriu com o primeiro grupo de seminaristas vindos do lugar do Assento, Paróquia de Jugueiros, em 1928. Na então, Quinta do Burgo, os responsáveis do Seminário começaram a levantar o edifício que o fogo devorou.
O Seminário de Santa Teresinha foi ao longo da sua história de 92 anos, uma verdadeira universidade rural para muitos jovens. O povo de Pombeiro reconhece que deve muito ao Seminário de Pombeiro. Promoveu muitos jovens. Deu trabalho a muita gente e apoio económico. O povo apreciava os seus seminaristas em passeio, umas vezes em direção à Ponte do Arco para um mergulho outras em direção ao Monte de S. Domingos, em Santa Quitéria, para um jogo de futebol. O Seminário do Burgo respirava juventude, alegria e comunhão com o povo. Os teatros abertos ao povo. O presépio movimentado. A orquestra bem afinada. O coral muito harmonioso. A Capela com as Eucaristias solenes e Vésperas cantadas ao Domingo faziam do Seminário um espaço acolhedor e alegre.
O saldo do Seminário de Santa Teresinha foi positivo para a família Vicentina, para a Igreja e para a Paróquia de Pombeiro e paróquias vizinhas. Ao longo de 60 anos (1928-1988) passaram pelo Seminário, muitos seminaristas e Irmãos coadjutores. Noventa e seis seminaristas (96) ordenaram-se presbíteros. Trinta (30) Irmãos coadjutores se comprometeram com o serviço dos pobres, na Família Vicentina. Têm o nome nos anais da Congregação. Dali partiram muitos sacerdotes e Irmãos para Missões Populares, serviços paroquiais e para a Missão de Moçambique.
O Seminário de Santa Teresinha foi uma Universidade, no campo. Perdeu-se um monumento. A História não se perdeu. Perdeu-se um edifício de granito com a sua grandeza, beleza e estilo original. Chamava a atenção ao perto e ao longe pela sumptuosidade e elegância na natureza. Cumpriu a sua missão. A História do Seminário de Santa Teresinha do Menino Jesus está viva nas pessoas que por, ali, passaram e vão continuar a escrever ou dizer a história que continua no coração de muitos. O Sr. Bispo, D. Augusto César, Vicentino, estudou, no Seminário de Santa Teresinha. No Mosteiro de Pombeiro recebeu a Ordenação presbiteral, em 24 de Julho de 1960. No próximo domingo, dia 2 de Agosto, na Eucaristia paroquial, o Sr. Bispo vai celebrar com a Comunidade de Pombeiro, o Jubileu de 60 anos de sacerdócio.

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