
II Domingo de Advento
O convite que nos propõe São João Baptista é para nós: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Já havia sido feito pelo Profeta Isaías, mas agora com João Baptista ganha mais urgência porque “o Reino de Deus está perto”.
Entre utopia e realidade
O convite que nos propõe São João Baptista é para nós: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Já havia sido feito pelo Profeta Isaías, mas agora com João Baptista ganha mais urgência porque “o Reino de Deus está perto”.
Isaías na primeira leitura descreve-nos uma sociedade que parece um paraíso onde toda a natureza, as plantas, os animais e os humanos vivem em perfeita paz e harmonia. É um sonho feito de utopia e de esperança no melhor que podemos encontrar no íntimo de cada criatura de Deus como havia antes da corrupção do pecado.
É das raízes do tronco de Jessé que Deus fará surgir um rebento novo, um grande rei, repleto da força do Senhor. Imbuído do Espírito de Deus Ele vai concentrar na sua pessoa as mais elevadas qualidades dos membros da sua família: inteligente e sábio como Salomão, forte e habilidoso como David, cheio do temor de Deus e dócil pela obediência como os Patriarcas, justo e piedoso segundo o coração de Deus.
O Messias já veio e já inaugurou na terra este reino de justiça, de harmonia, de paz e de amor. Não nos deixou um produto acabado, mas a construir-se, a crescer, partindo do mais humilde e insignificante: o rebento, o grão de areia, a pequena semente, o fermento, a simplicidade de uma criança, a docilidade do manso jumento, o tornar-se servo de todos.
No mundo campeia o egoísmo, o ódio, a infidelidade o comportamento agressivo de leões, leopardos e serpentes em relação a outros. Por isso, São Paulo nos recomenda que nos deixemos inspirar pelo “Deus da paciência e da consolação” para alimentarmos os mesmos sentimentos uns para com os outros segundo o exemplo de Cristo Jesus. O caminho é acolhermo-nos uns aos outros e tornarmo-nos servidores uns dos outros como Cristo fez.
A figura austera de João Baptista tem autoridade moral sobre todos os que o procuram porque se apresenta como o profeta Elias vestido com peles de animais e uma cintura de cabedal à volta dos rins; o seu alimento é o mais frugal e simples servido na rudeza do deserto. Por isso as suas palavras são fortemente interpelativas e premonitórias: “Não penseis que basta dizer ‘Abraão é o nosso pai’ porque Deus pode suscitar filhos de Abraão das próprias pedras do deserto”. Por isso, a árvore que não dá fruto pode ser cortada.
É preciso aceitar e realizar em nós próprios, o convite a preparar o caminho do Senhor; consequentemente, desinstalarmo-nos do nosso comodismo e partirmos a anunciar a boa nova uns aos outros; construir um mundo melhor com os ingredientes do bem, da paz e da justiça baseada não na força, na importância e no poder, mas na humildade, no serviço simples e na mansidão da paciência.
